sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Amei


Amei.
Amei tanto que me perdi.
Sem censurar meus próprios desatinos,
Meus medos. Da solidão e desamparo.
Vergonha de não ter conseguido.
De não ter sido amado,
Respeitado,
Acolhido.
Amei sem fronteiras, sem delimitações.
Numa entrega louca
Esqueci-me de mim mesmo.
De que a vida não era só você.
Que se eu partisse podia ter uma nova chance
De ser feliz.
Insistir em algo que não dava, não deu e não dará certo.
Pois, a felicidade ferida, esmagada, maltratada partiu.
Com votos de não mais volta.
Hoje continuo no mesmo ponto.
Porém, sem sonhos.
Neste quarto de velho,
Neste corpo de velho,
Nessa mente de velho.
Que fecha os olhos pela última vez na vida.
E os abre para uma nova realidade.
Quem sabe uma nova chance.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sou grande?


Sou grande.
Na minha loucura de ser o que não sou.
Em busca desenfreada da perfeição.
Esquecendo minhas próprias pedras de tropeço... Falho.

Insisto, constantemente, diariamente nessa busca de ser grande.
Grande mulher,
Grande oradora,
Grande mãe,
Grande amiga,
Grande esposa,
Grande estudiosa,
Grande colega de trabalho,
Grande ajuda,
Grande, grande, grande.
Em tudo que fizer grande.

Porém, cá entre nós o que conseguir chegar mais perto de grande
Foi à certeza de que não o sou.
Encontrei, contudo, algo grande em mim.
Minha pequenez.  Essa sim é grande.
Forrando todos os meus sonhos de grandeza
Com a verdade de que ainda não o sou grande
Grande o bastante para procurar não sê-lo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Interrogação


Realmente ainda não foi chegada a hora de...
Realizar sonhos?
Reassumir posturas beneméritas?
Recompensar bons modos?
Reconstruir o que ainda é necessário?
Refletir sobre abusos?
Reparar erros?
Repartir o pão?
Repensar conceitos?
Reprogramar a mente?
Restaurar bons hábitos?
Retomar estudos?
Rever atitudes?
Reviver Deus?

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Teus olhos.


Preciso de teus olhos de menina
Teu coração de jovem
Tua esperança adulta e crente.
Para fortalecer minha alma
Amparar minhas decisões amorosas
Jamais caindo em desamor.
(saibas que é para ti)

domingo, 14 de julho de 2013

Todas as coisas.


Todas as coisas são efêmeras.
Das mais alvas nuvens num céu azul
Substituídas pela escuridão da tempestade.
Com seus raios brancos relampejando
Numa escuridão breu.
O nascer do Sol clara luz
O ponto pino ao meio dia
E sua morte colorida rasgada ao entardecer.
A seca que estorrica o chão do meu lugar
Substituída pelas chuvas invernais de junho
Banhando o solo sedento de vida.
O feto no seio materno
Envolvido nas águas da vida
Pelo menino que dorme tranquilo no berço
O jovem que zoa na vida
O adulto aborrecido pelos seus problemas
O ancião que dormita o dia inteiro.
Enfim, a vida que sucumbe a morte.
Só Tu não és transitório
Permanecendo em tudo que substitui outro
És eterno e inexaurível.

És Deus.

quinta-feira, 11 de julho de 2013



Eis que sou eu e tu
Eu anciã
Repleta das desilusões do mundo,
Sem mais sonhos ou quimeras,
Sem consolo,
Só espera
De um fim de corpo agradável
Sem dor sem refrega.
Tu toda sonho e utopias.
Felicidade qual canto de cotovia
Anunciado sempre belos dias.
Fui tu no passado
Serás igual a mim no futuro.
Quando então a velhice bater a tua porta
Lembre-se de mim
Tua vó senil e inadequada
Que te amou como nunca amou a nada.
Tendes a certeza criança adorada,
Que me encontrarás do outro lado,
Em outra estrada,
Esperando-te neta abençoada.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O que vejo.


Sento hoje a janela
Para vê a vida.
Já que a ela não mais pertenço.
Não vejo contudo o presente.
Em meus olhos embaçados pelo tempo
Sinto-me dessa época ausente.
Não percebo o que ocorre no agora
Sinto somente o outrora
O passado que  desfila sob meus lumes.
Como criança que assiste à mesma fita
Cem milhão de vezes.
Meu pensamento, também, repete igualmente.
As mesmas coisas, tolas e emboloradas.
Do que já se foi.
Entre instantes de consciência atual
Horas a fios de desterro da vida.
Não vejo dessa janela a correria, os carros, a avenidas largas, calçadas de cimento.
Vejo namorados passeando, cães correndo livres, árvores frondosas, crianças e pipas.
Coisas que já não existem cá.

Somente sobrevivem em meus pensamentos.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Anjo do Retorno




Fica em meus braços, não chores.
Carrego-te por amor,
Não permitiu o Pai mais teu sofrimento.
Ele sofre contigo.
Segura minha mão com presteza
Sente minha alma de anjo
De amor e beleza.
Não te entristeças
O que aqui deixas
Amanhã encontrarás.
Cessa de escutar os gritos e lamentos
Daqueles que te acham teus donos
Fosses só um empréstimo
Estas voltando para teu verdadeiro lar.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Não mais.


Mudamos
Não somos mais jovens
Não temos a chama da juventude
A fé, a crença do tudo pode ser.
A alegria juvenil, o prazer descarado.
Nossos corpos já não são os mesmo
Rugas expressam o que sentimos por todos os dias passados.
Pálpebras caídas denunciam os anos transcorridos.
Pele flácida pela desatenção ao corpo
Atenção redobrada para matar a fome;
De ter que sobreviver.
Cansaço de ser o que somos.
Desejo de mudar tanto e tantas coisas.
Medo, medo, medo de não dá certo.
E ser mais infelizes que somos.
Continuamos...
Entre tantas agruras e pouco prazer
Levantando olhos para um ser divino
Que dizem existir
E pedindo sedentos...

Felicidade!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Desejo



Que seja tu alma querida, mãe amada.
A minha primeira vista,
Onde depositarei primeiro o meu olhar.
Ao ter sido descerrado na carne,
Entre lágrimas dos que ficaram presos.
Abram-se, meus olhos, sob fachos de luzes cristalinas.
Os olhos da que já se foi dessa Terra bendita.
E entre sorrisos e ósculos,
Num amplexo profundo,
Encontrar-se-ão duas almas no outro mundo
Nessa nova vida d’então.