sexta-feira, 31 de julho de 2020

Tecelãs


Tecendo os fios da vida...
Linda e jovem tecelã
Teces a linha da teia.
Fina como os sonhos das donzelas,
Brilhante como as ideias.
Nela colocas dons, bênçãos e maldições.
És incansável nesse ato,
Inicias ao nascer o sol 
Estende-se até o entardecer.
Fias e fias com imenso prazer.
É teu destino fiar sem esmorecer.

Bela mulher tecelã
Os fios te esperam as mãos.
Coloca-os na roca de costura sem tensão.
Sabes que sabes
Erraras não.
Crias intricadas tramas,
Belos padrões,
Ou toscos grilhões.
Inicias ao entardecer
Até a última hora tricotas com esmero.
Teces a trama com imenso zelo.
É teu destino tecer sem esmorecer.

Majestosa senhora tecelã
Verifica a obra feita
Encanta-se com o apuro das linhas
Delicia-se com a trama e a história
Enternece-se, chora, sorri, emudece.
Nem fias e nem teces.
Em tuas mãos a tesoura... instrumento final
Que encerra o trabalho das três.
Cortas a linha que se liga a roca.
Findas a trama da vida que dela brota!
E as tecelãs, novamente, reiniciam a obra.




quinta-feira, 30 de julho de 2020

Não mando e nem desmando


FELIZ DIAS DAS MULHERES! | Pintura de mulher, Pinturas românticas ...
Não comando o piscar dos olhos meus,
O ritmo do meu coração,
O vai e vem da respiração.
Não comando minha fome,
Nem tão pouco a saciedade.
Meus cabelos crescem à deriva.
Minha pele resseca pela idade.
Não governo meu sono,
Nem a hora em que desperto.
Não controlo meus pensamentos,
Nem tão pouco os dirijo.
Mesmo braços e pernas parecem, às vezes, terem vidas próprias
Não determino o que sinto.
Amo quem nem a mi ama,
Rejeito os que de mim gostam,
Sou grosseira, impaciente e renitente,
E esses sentimentos, sentidos, me incomodam.
Parece que nada controlo.
Eis a verdade!
Por que me pressuponho saber determinar...
O que me trará real felicidade?




terça-feira, 28 de julho de 2020

Deliberadamente

Homem Solitário Parque - Foto gratuita no Pixabay
Deliberadamente

Escolhi...
A nada ou ninguém culpo pela minha dor.
Se me consome as misérias da vida é somente o resultado do que sou.
Minha desdita é o resultado das minhas ações.
Não cuidei das flores da minha alma,
Não me enterneci com a as alvoradas,
Não sorrir, nem dividir.
Passei ao largo nos front das batalhas da vida,
Decidi-me a não sanar dos outros as feridas,
Não me prestei a dar a ninguém acolhida.
Só passei nos caminhos de olhos cerrados.
Para o próximo o coração fechado,
Mãos que não se estenderam.
Ações benéficas que não ocorreram.
Não te entristeça minhas dores
Agora tenho a ciência
Que tudo que fiz teve um custo.
Na verdade, as dores, são corretivos
Pelas chagas das quais não fui um lenitivo
Ao alimentar meu ego desatinado
Buscando o prazer alucinado
Há fui um ser dementado!
E agora recolho as contas submisso
Das Leis Universais não sou omisso.
Sirva de exemplo essa realidade
Não se escarnece da divindade
Nas contas do universo tudo é perfeito
A nossa porta virá o cobrador ou o doador pelos nossos feitos.

Mallika Fittipaldi. 28.07.2020





segunda-feira, 27 de julho de 2020

Voltando

Voltando 

 Tudo volta, volve, torna.
 Num incansável vai e vem a vida se repete.
 Um ‘looping’ interminável de reviravoltas. 

 O que foi ontem, passado, pretérito e imperfeito, 
 bate a nossa porta e grita recomeças! 
 O que fizestes não foi o combinado, não foi de proveito. 
 Por isso, retornes, ages sem desleixo! 

 Seja de boa ou má vontade volvemos, 
 num corpo novo, frente as lições não aprendidas, 
 de tantas outras vidas a alma esquecida. 

 Novos companheiros nas trilhas do destino, 
 velhos desafetos a nos tirar a paz e o tino, 
 antigos espinhos a nos perfurar as carnes
e almas inimigas que nos escarnem.


 Não desistamos, porém, da árdua tarefa, 
 um dia enfim, após tantos descaminhos 
 o louro da vitória, a libertação da carne, 
inexoravelmente nos espera.