domingo, 14 de julho de 2013

Todas as coisas.


Todas as coisas são efêmeras.
Das mais alvas nuvens num céu azul
Substituídas pela escuridão da tempestade.
Com seus raios brancos relampejando
Numa escuridão breu.
O nascer do Sol clara luz
O ponto pino ao meio dia
E sua morte colorida rasgada ao entardecer.
A seca que estorrica o chão do meu lugar
Substituída pelas chuvas invernais de junho
Banhando o solo sedento de vida.
O feto no seio materno
Envolvido nas águas da vida
Pelo menino que dorme tranquilo no berço
O jovem que zoa na vida
O adulto aborrecido pelos seus problemas
O ancião que dormita o dia inteiro.
Enfim, a vida que sucumbe a morte.
Só Tu não és transitório
Permanecendo em tudo que substitui outro
És eterno e inexaurível.

És Deus.

quinta-feira, 11 de julho de 2013



Eis que sou eu e tu
Eu anciã
Repleta das desilusões do mundo,
Sem mais sonhos ou quimeras,
Sem consolo,
Só espera
De um fim de corpo agradável
Sem dor sem refrega.
Tu toda sonho e utopias.
Felicidade qual canto de cotovia
Anunciado sempre belos dias.
Fui tu no passado
Serás igual a mim no futuro.
Quando então a velhice bater a tua porta
Lembre-se de mim
Tua vó senil e inadequada
Que te amou como nunca amou a nada.
Tendes a certeza criança adorada,
Que me encontrarás do outro lado,
Em outra estrada,
Esperando-te neta abençoada.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O que vejo.


Sento hoje a janela
Para vê a vida.
Já que a ela não mais pertenço.
Não vejo contudo o presente.
Em meus olhos embaçados pelo tempo
Sinto-me dessa época ausente.
Não percebo o que ocorre no agora
Sinto somente o outrora
O passado que  desfila sob meus lumes.
Como criança que assiste à mesma fita
Cem milhão de vezes.
Meu pensamento, também, repete igualmente.
As mesmas coisas, tolas e emboloradas.
Do que já se foi.
Entre instantes de consciência atual
Horas a fios de desterro da vida.
Não vejo dessa janela a correria, os carros, a avenidas largas, calçadas de cimento.
Vejo namorados passeando, cães correndo livres, árvores frondosas, crianças e pipas.
Coisas que já não existem cá.

Somente sobrevivem em meus pensamentos.