Sento hoje a janela
Para vê a vida.
Já que a ela não mais pertenço.
Não vejo contudo o presente.
Em meus olhos embaçados pelo tempo
Sinto-me dessa época ausente.
Não percebo o que ocorre no agora
Sinto somente o outrora
O passado que desfila
sob meus lumes.
Como criança que assiste à mesma fita
Cem milhão de vezes.
Meu pensamento, também, repete igualmente.
As mesmas coisas, tolas e emboloradas.
Do que já se foi.
Entre instantes de consciência atual
Horas a fios de desterro da vida.
Não vejo dessa janela a correria, os carros, a avenidas
largas, calçadas de cimento.
Vejo namorados passeando, cães correndo livres, árvores
frondosas, crianças e pipas.
Coisas que já não existem cá.
Somente sobrevivem em meus pensamentos.
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