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domingo, 5 de julho de 2015

Amanhã...


Hoje pode ser...
Mas, amanhã...
Quem sabe não poderei ser salva.
Há milhões de células de minha pele que escapam
Em grotesca forma de poeira árida.
Isso por mais que me zele.
Animais minúsculos me devoram
Sugam-me, bebem-me, deterioram-me.
Todos os segundos, minutos, todas as horas.
Suas garras, dentes agudos, suas bocas apavoram-me.
Libero a energia que me sustem
Se não a libero morro também
Sufocada, entalada, nos pulmõe eu esmagada.
Então respiro ciente dessa cilada.
Os movimentos necessários me corroem
Ossos que se batem a vida inteira a si mesmo destroem
Desgastam-se, acabam, racham.
Sobra a dor causticante e atroz.
A própria luz
Que alegra a vida
Com o tempo aos olhos causam feridas
E os cegam sem dó ou piedade.
Essa é a Lei inexorável
Da Verdade.
Aceitando ou não virá silenciosa como o tempo
A Lei Divina da Destruição.
Morrerei então em silencio ou aos gritos
Sozinha ou acompanhada
No meu leito
Ou na rua abandonada
Não sei...
Hoje pode ser...
Mas, amanhã...
Quem sabe não poderei ser salva.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Serena dor.



Serena dor.
 E vai embora.
Meu corpo padece a tua presença senhora.
Não vês o meu sofrer?
Estabelece um dia para tua partida
Se não fores a tua que seja a minha.
Abandonemos essa moradia conjunta.
Peço-te encarecidamente madama.
Que não me tolha os movimentos
Que não me seques os músculos
Não apague minha voz
Não deixe meus olhos no escuro.
Se tu és um monstro que corrói
Ou apena minha sina
Não sei.
Contudo rubra dama do sangue alheio
Permite-me algum tempo sem senti-la
Ofusca-me, engana-me, ilude-me.
Suaviza alguns momentos
Para que eu possa fechar os olhos
E quem sabe...
O anjo da morte de mim se apiede
E rapte-me de ti

Dando-me descanso e paz.

sábado, 16 de maio de 2015

Fresta no tempo


Fresta
Não deve ter sido pela porta
Essa há muito fechei.
Talvez alguma janela mal cuidada, mal fechada, somente encostada. 
Que deixei, esqueci, abandonei e não mais cuidei.
Por alguma fresta com certeza ela entrou
Feito fumaça, feito neblina, feito fog inglês e silenciosamente se instalou.
Trouxe consigo todas as lembranças
Que pude rememorar.
Causou com certeza
Toda a dor que pode causar.
Relembrou... Antigas questões, falsas decisões, decepções por mim criadas.
Sofri todos os antigos movimentos e momentos
Os anos que deixei a porta aberta
Braços prontos e estendidos aos abraços
O coração no escuro e na solidão.
Somente a semente do retorno e da reparação.
E finalmente a dolorosa verdade do fim.
Mas, o fim daquele mundo legítimo.
Enquanto, nas quimeras continuavam as peripécias.
Aventuras entre o real e o imaginário.
Inseparáveis e indistinguíveis.
Encontros e desencontros.
Tanto que já não sabia o que era verdadeiro e o ilusório.
Como uma planta miúda, uma trepadeira, uma parasita.
As alucinações minguaram, amainaram, atenuaram, serenaram.
Que com o tempo pensei secou! Findou! Acabou!
Mas, hoje com a visita do passado em forma de fumaça e fantasia.
Percebi que nas minhas quimeras, alucinações, delírios e desvarios.
Existem com certeza vida, vigor e dor.
Que continuarão a me visitar eternamente.
E penso que mesmo que a idade me demente
Elas lá estarão.
Como roca das Senhoras dos Destinos, as Parcas.
Eternamente a fiar.


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Interrogação


Realmente ainda não foi chegada a hora de...
Realizar sonhos?
Reassumir posturas beneméritas?
Recompensar bons modos?
Reconstruir o que ainda é necessário?
Refletir sobre abusos?
Reparar erros?
Repartir o pão?
Repensar conceitos?
Reprogramar a mente?
Restaurar bons hábitos?
Retomar estudos?
Rever atitudes?
Reviver Deus?