terça-feira, 29 de abril de 2008

O sótão e o espelho.


No sótão estão as memórias.

De muito que se passou.

A caixa de música que toca.

Com a bailarina sem par.

Alguns outros brinquedos espalhados.

Aqui, ali, acolá.

Uns inteiros outros quebrados.

Como a vida ou o lar.

Vestidos de gala embrulhados.

Roídos por traças e nunca mais usados.

Lembram festas e bailes.

Frases de ouvido.

Beijos escondidos.

Livros ultrapassados.

Coisas que aprendi e nunca usei.

Amigas que se foram.

Outras que tinha esquecido.

A cadeira de balanço sem a minha avó.

O violão sem cordas.

É como toda a minha vida, juventude lá estivesse guardada.

Esperando conserto.

Sinto-me jovem.

Até ver no grande espelho.

A imagem de uma senhora que me espanta.

Sou eu!


(visite:
Poemas e Encantos II )

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