quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Providência.




Hoje frente ao espelho me vi.

Como há muito não me olhava.

Mudanças tantas ocorreram e eu nem percebera.

Meus cabelos já não têm o mesmo brilho, embranqueceram.

Há vincos em minhas testas e ao redor dos meus olhos mil linhas finas.

O meu olhar já não traduzem inocência, mas a dor do conhecimento.

Meu colo queimado pelo Sol se encarquilhar.

Tem bem menos curvas o meu corpo.

Curva-me o peso do tempo.

Sento-me.

Sinto-me cansada.

Já foi tão longa a caminhada.

Tao diferente da desejada.

Tao distante da almejada.

Não existem mais tantos sonhos.

Alguns realizados não me trouxeram o esperado.

Minha mente abarrotada de ensinos não me diz nada.

Frente aquela figura apagada pelo tempo que tudo consome.

Fecho os olhos.

O meu espírito se agita.

Onde entre tantas dores posso me abrigar?

Quem de mim cuidará?

Quando o corpo de vez envelhecer e a mente já não puder raciocinar.

Vou a janela...

Uma pequena borboleta luta para sair do casulo.

Esforço supremo, força estertora.

E conseguindo festa de cores.

Se abre em êxtase a natureza.

E me indago: se há uma Providência para ser tao pequenino.

Por que me preocupa o meu caminho?

Apaziguo a alma e retorno a minha vida em calma.

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