segunda-feira, 14 de agosto de 2023

TCC sobre a infiltração de diabinhos na produção das almas terrestres.

 

Pensando no mói de gente ruim que existe por aqui

Decidi, decididamente elabora um TCC

Para explicar a causa desse fuzuê!

O pessoal de cima e o pessoal de baixo

Vivem na concorrência isso é fato.

Achei, depois de matutar, a teoria para elucidar

O motivo de tanta alma sebosa aqui na Terra atracar.

O controle da qualidade, criação e entrega d’almas tá a falhar.

E a única aclaração dessa situação

É a de que na hora da produção das almas a encarnar,

Tem lá infiltrado anjo rabudo, chifrudo e malvado.

E taí explicado!

O mói de gente ruim que tem por aqui baixado!

Mallika Fittipaldi.

domingo, 14 de maio de 2023

A Bruxa Bela dos Ovos.

 



Tem muita bruxa no mundo

Ninguém vai me desmentir.

Para todo tipo de gosto

Nem dá para discutir.

Porém, de todas que vi

Uma me vem confundir

A bruxa do ovo verde

Que amei e vou curtir.

Num sei bem o que ela faz...

Num sei bem o que ela quer...

Mas não pode ver um ovo

Pois se arrepia a mulher.

Parece que tem coleção,

De tudo que cor e jeito,

Para ela o que mais importa

É que o ovo seja perfeito.

Não pode ter um furinho,

Não pode ter um rasgão,

Nem mesmo machucadinho,

Ou mesmo pequeno arranhão.

Vendo tanto ovo assim

Me levantou a suspeita...

Que lugar dessa bruxinha

Vai se transformar em cesta? 

Mallika Fittipaldi.

Minha giganta

 


Ela era enorme uma giganta!

Que balançava o meio do corpo

Numa cadência incompreensivelmente perfeita.

Sobre a cabeça tufos negros, à guisa de cabelos, soltos e finos, lisos e brilhantes.

Os pés marcavam os chãos, o capim, o areal.

Nas mãos cabia o mundo.

Criava e aniquilava, nutria e protegia, batia ou acariciava.

A boca tinha os dentes tão belos, a língua sábia dos mestres da vida.

Quando sorria iluminava meu universo.

Quando calava taciturna enchia-me os olhos d’agua.

A seguia aonde ia, era meu prazer observá-la,

Dizer tudo o que fazia ou quase tudo para não incomodá-la.

Era meu titã, minha deusa!

Meu amparo, minha luz, meu sustentáculo!

Minha mãe.          

Ontem tudo...

Hoje só lembranças...

Só saudade...

sábado, 29 de abril de 2023

A alma e o Corpo


Já foste belo meu carcereiro!

Me destes tantos prazeres e gozos

Levaste-me a tantas aventuras

Fizesse-me rir de tudo,

Encantasse-me com um primeiro amor

Com tantas primaveras de profusas flores

E arrebatasse-me com milhões de cores.

Arrastasse-me para mil conquistas;

De poder e posse tão desejadas,

De comandos soberbos irrevogáveis,

De reinos onde reinamos incontestáveis.

Pelas tuas mãos abri milhares de livros,

Com teus olhos li tantas estórias,

Embriagada achei-me sábia por isso...

Tantos prazeres concedesse-me

Que não percebia a tua doce obrigação

De carcereiro e companheiro

Na tua dolorosa missão.

Foram-se os dias primevos,

A pubescência e a consciência juvenil,

O ouro de tolo do falso “eu reino”.

Sem senti-me ser pequeno e tolo.

Invernou em branca neve nossos cabelos,

O frio rachou em dores nossos ossos,

Envelhecemos nessa prisão estadia.

Reconheci-te então como meu masmorreiro

Reconheci-me como teu ocupante.

Devolvo-te agora a Mãe Terra aconchegante

Que te abraça neste teu último janeiro.

Demo-nos prazer simultâneo a dor,

Caminhamos cegos, juntos iguais a frater e soror.

Enquanto desce a esse túmulo úmido e acolhedor

Parto para as estrelas até ouvir novamente teu clamor.

Então, entre riso e lágrimas, primaveras e outonos,

Reiniciaremos como corpo e alma novas venturas.

Criando novo livro de vida onde os heróis somos sempre

Eu e Tu.

domingo, 23 de abril de 2023

Busca (mãe)

 


Não há um dia que de ti não lembre,

Nem marejem meus olhos com água salgada,

Ou te invoque, na mente, silenciosamente,

Nem sofra de intensa saudade.

 

Não a vejo no dia a dia,

Não escuto tua voz a me chamar,

Não há teu cheiro nos cantos da casa,

Nem mesmo tua sombra a me visitar.

 

E quando em sonhos te procuro desesperada

Desejosa ao menos ao longe ver-te a silhueta,

Fala-me tranquila, quem sabe para me aquietar;

Afirmas que aqui não mais estais.

terça-feira, 18 de outubro de 2022


Irmã

Não é só aquela que nasce ali juntinho na mesma família.

É a que te acompanha na felicidade e na desdita.

Que olha teus erros com empatia e te acolhe.

Exulta com tuas conquistas e te aplaude.

 

Irmã é a que ouve teu choro e chora contigo.

Disposta sempre a somar ao teu o próprio riso!

Até silenciar para não te magoar.

 

Em bênçãos estão os que têm uma irmã.

Que longe ou perto nos vela como guardiã.

Que nunca condena ou impõe sua verdade.

Simplesmente compreende nossas maldades.

 

A minha irmã Socorro (outro nome não lhe caberia tão bem) desejo todo o bem do mundo e que muitos, muitos outros aniversários ocorram. Amo você.

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Onde está meu maior anjo guardião?

 


Onde está meu maior anjo guardião?

Onde estará?

Seus pés tocam que solo?

Quão longe de mim, andará?

 

Minha vida sem suas asas escureceu,

Meu canto emudeceu,

Não sou mais  eu.

 

Mesmo o Sol que pela manhã desponta

Já não clareia como antes os meus dias.

E ao bater das horas afogo-me em agonia

Da falta imensa de tua companhia.

 

Certamente cantas para outras crianças.

Ensinas a novos aprendizes,

Orientas a quem nem conheço.

 

O apito da fábrica da vida tocou

Dela saístes

A porta se fechou.

Não mais é minha guardiã.

 

Não anela meus cabelos,

Não dizes te amo ao meu ouvido,

Não me envolves com teus braços.

 

Sofro com tua ausência mãe

De uma saudade sufocante,

Um vazio imensurável.

Uma dor (agora) insuportável.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Eu,eu,eu


You love the song but not the singer | Flickr - Photo Sharing!

Tudo é eu, sempre eu.
Flagro-me sempre no eu.
Egoísta e egocêntrica.
Eu desejo aquilo,
Eu preciso disso,
Eu sinto isso.
E enquanto eu viver só no eu,
Serei meu centro e pesadelo.
Atada a um pequeno ser,
Mesquinho, cheio de preconceitos.
Que só pensa em si,
Sem mais nenhum anelo.
Liberdade eu preciso!
E quando isso digo...
Tristeza imensa sinto...
Pois vejo que insisto,
Desse eu não desisto.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A Graça de se estar vivo



Rope jumping gang . South Africa
Existe Graça em estarmos vivos,
Gratidão, a dádiva divina que nos mantêm vivos.
Mesmo após essa vida, ditos mortos, vivos.
Sempre, sempre, sempre vivos.

Vivos...
No momento que o Sol nasce, desponta,
Dourando o dia, com ouro, o céu de ponta a ponta.
Cada vez que o vento assovia cortante entre as janelas,
E aos filmes de terror esse som nossa mente atrela.

Vivos...
Quando zumbe os besouros, e gorjeiam pássaros nas janelas,
E a chuva cai fria, bela e insistentemente no seio da terra,
Que a abraça, como se cinge um amante, e frutifica em flor.
Colorindo o mundo com mais vida e mais amor.

Vivos...
Para tocar com ternura impar quem se ama,
Com esperança, no coração, sendo uma eterna criança,
Infindavelmente recomeçando nas coisas simples e misteriosas,
Que a vida concede, como os benefícios de uma mãe bondosa.

Vivos...
A Graça de se estar vivo em todos os eventos,
A todos os belos e divinos, detalhes da vida atentos.
Sendo felizes com o que temos, somente de luz sedentos.
O importante, o essencial, é só isso... vivos no momento.

domingo, 6 de setembro de 2020

Ser “a senhora”

O cão que comeu o livro...: A ler à sombra do girassol / Reading by the sunflowers...
Marcos Llussá - Arte
Não esperava ser velha, torna-me “a senhora”.
Pode furar as filas, ser atendida com menos demora.
Ter um assento especial, nos lugares, gravado idoso (s).
Ter um esqueleto frágil de ossos porosos.

Subir escadas ofegante, mesmo que muito, muito lentamente,
Ver as pessoas cederem, a mim, seus lugares contentes.
Perceber repentinamente, em espanto, que me foi a mocidade,
Que possivelmente, esgueira-se pela minha porta, a senilidade.

Não esperava ser velha, torna-me “a senhora”.
Uma idade que se me torna frágil, testemunha que fui resiliente.
Que venha então a boa idade e possa aproveitá-la profundamente!
Saboreando todas as boas facetas da vida nessa hora.

Vendo em cada ruga as minhas histórias de derrotas e glórias,
Os brancos fios de cabelos, pintados de ouro, louros de vitórias,
Jubilo-me de ter envelhecido, ter aqui chegado, ter sobrevivido...
Quando tantos, caíram pela estrada, precocemente sucumbidos.