domingo, 6 de setembro de 2020

Ser “a senhora”

O cão que comeu o livro...: A ler à sombra do girassol / Reading by the sunflowers...
Marcos Llussá - Arte
Não esperava ser velha, torna-me “a senhora”.
Pode furar as filas, ser atendida com menos demora.
Ter um assento especial, nos lugares, gravado idoso (s).
Ter um esqueleto frágil de ossos porosos.

Subir escadas ofegante, mesmo que muito, muito lentamente,
Ver as pessoas cederem, a mim, seus lugares contentes.
Perceber repentinamente, em espanto, que me foi a mocidade,
Que possivelmente, esgueira-se pela minha porta, a senilidade.

Não esperava ser velha, torna-me “a senhora”.
Uma idade que se me torna frágil, testemunha que fui resiliente.
Que venha então a boa idade e possa aproveitá-la profundamente!
Saboreando todas as boas facetas da vida nessa hora.

Vendo em cada ruga as minhas histórias de derrotas e glórias,
Os brancos fios de cabelos, pintados de ouro, louros de vitórias,
Jubilo-me de ter envelhecido, ter aqui chegado, ter sobrevivido...
Quando tantos, caíram pela estrada, precocemente sucumbidos.



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