quinta-feira, 14 de maio de 2015

Procelas



Quando em meio as procelas da vida
Sentes paz
Descansas.
Não busca o que pode te aborrecer ou preocupar
Entrega-te ao Deus ele de ti há de cuidar.
Nas paragens do infinito
Seres benditos
Oram, olham, labuta para a dor minimizar.
Recorre à prece continua
Aos pensamentos alegres
Ao riso com siso.
Não degrades os teus dias
Pois, não sabes a contagem dos mesmos.
Nos momentos das tormentas quando encontras a paz
Estás inconscientemente nas mãos de Luz do Pai.
Dormes tranquila e sonha com outros dias.
Faz planos de caminhadas para o bem
Estabeleces metas
Esses dias passam
Outros chegam.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Mulher negra

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Não esqueces mulher o teu passado
As tuas raízes
Não esticas teus cabelos
Nem enloirece.
Não permitas que suma teu cheiro
Ama teu corpo
Tua cor
Jamais te humilhe o olhar do outro diferente
Aceitas teu passado, pois é impossível modifica-lo.
Contudo constrói teu futuro
Com tuas mãos negras
Prever tua vitória com teus olhos da noite
Enlaça a boa sorte com teus cabelos crespos
Grita quando injustiçada, pois já são mais frágeis as mordaças.
Teu passado seja uma lição
Para que jamais se repita em qualquer plano
A maldita escravidão.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Minha amiga.

Minha amiga dos olhos grandes
Quem os fez assim?
Olha-me com tanta ternura
Por que tanto amor por mim?
Não sou anjo de candura
Não te faço companhia
Mal percebo suas agonias.
Sempre por perto
Sem me largar
Parece compreender-me só com o olhar.
Peço-te desculpa amiga
A vida me arrasta de lá para cá
De cá para lá
E nem todas às vezes posso comigo te levar
Mas, saiba que em meu silencio, em minha falta.
Um motivo há.
E quando ele passar...
Vou te colocar ao colo
Mimar-te com beijos
Arrumar seus pelos
E dizer que te amo.
E você querida com seus olhos grandes e amorosos
Simplesmente acolherá meu abraço
Dormira em meus braços

Como se o tempo de solidão não tivesse existido.

Em geral assim pensam...


Um homem na janela “pega” vento
Uma mulher na janela vê o mundo.

Um homem bem vestido profissional de sucesso.
Uma mulher bem vestida busca companheiro.

Um homem calado pensa.
Uma mulher calada sonha.

Um homem rico fez-se aos seus esforços.
Uma mulher rica possível herdeira.

Um homem sem filhos assim preferiu.
Uma mulher sem filhos tem útero seco.

Um homem ríspido um chefe.
Uma mulher ríspida desclassificada.

Um homem que viaja muito trabalho.
Uma mulher que viaja muito precisa.

Um homem só escolha.
Uma mulher só incompetência.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Por que me criaste?



Por que me criaste?
Concedendo-me a visão
Dos astros, da relva, das águas que correm.
Dos olhos do meu pai, da figura materna, da minha paixão.
Por que me criaste?
Sentindo o cheiro do mar, das algas, dos peixes vivos.
Das flores com todos os seus coloridos.
Por que me criaste?
Vivenciando o toque de amor
Do sexo sem pecado ou pudor.
Por que me criaste?
Ouvindo o canto do rouxinol, da cotovia.
Dos ventos nos coqueirais, da brisa que assovia.
Por que me criaste?
Experimentando o doce mel das frutas
A embriaguez libertadora do eu.
Por que me criaste?
E tanto me destes
Quando já sabias de antemão

Que esse eu feneceria por tuas mãos.

Expiação



A quem culpar pelas minhas dores?
Quando olho ao meu redor somente vejo sofredores.
Seremos carrascos uns dos outro
Cingidos pela dor sem nunca podermos ser soltos.
Com qual moral atirarei a primeira pedra
Quando a culpa minha mente molesta.
Teria alivio caso desse cabo a outros sofredores
Cessariam as minhas agonias e estertores?
Preciso de um bode expiatório para aliviar minha consciência
Tornando-o a raiz de toda iniquidade.
Libertar-me-ia o sangue do cordeiro?
A coroa de espinhosa?
Os pregos?
A cruz?
Ou somaria a tudo que sofro
A dor da morte de Jesus?

terça-feira, 28 de abril de 2015

Humano ser.



Se eu fosse água
Seria brava
Seria linda
Seria verde esmeralda
Seria imensa, interminável.

Se eu fosse terra
Só rígida
Só plana
Só argila pura
Só chão

Se eu fosse vento
Com certeza furacão
Com certeza forte
Com certeza turbilhão
Com certeza ação.

Se eu fosse fogo
Queimaria o mal
Queimaria o caos
Queimaria a dor
Queimaria quem faz terror

Se eu fosse
O que não sou...
Mas, sendo o que sou.
Sou...

Capaz de molhar planta com sede
Arar a terra e ver nascer o verde
Produzir energia com vento sem o orbe macular
Incinerar o que contamina e milhões de vida salvar.

Por ser humano isso estou a tentar realizar.



segunda-feira, 27 de abril de 2015

Espremo-te!

Mostro terrível
Vermelho vulcão
Ardor infernal
Empestando, infestando, corrompendo
Transmutando em feiura a beleza
Em dor a tranquilidade
Ser medonho que enfeia
Que maltrata
Do qual tento fugir
Escondo meu rosto
Escapo.
Mas, incansável ela vem a me achar.
Instalando-se como se fosse sua casa
O meu lar.
Pustema.
Ferida fétida.
Pústula infernal.
Não suporto mais...
Espremo-te!



sábado, 25 de abril de 2015

Cuidado


 
Cuidado
Com a Cuca se ela te pega.
Com a gripe, a herpes, a lepra.
Com a rua suja.
Com a língua solta.
Com as amizades ruins.
Com a escuridão.
Com o medo que paralisa.
Com a falta de sensatez.
Com a embriaguez.
Com a modernidade.
Com a falsidade.
Com as beberagens ocultas.
Com os pavios curtos.
Com a queda dos cabelos.
Com os políticos safados.
Com os gatos dos vizinhos.
Com a conta da luz.
Cuidado com Lula.
Com Fernando Henrique.
Com as Forças Armadas.
Com o povo revoltado.
Com os cães que ladram.
Com a caravana que passa.
Com o que pensa.
Com o que sente.

Com o que escreve.
Cuidado...
Tudo pode ser usado contra você!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Pó.


Sou torta semente
Ledo engano da natureza
Não atraio pela beleza
Não canto e nem encanto
Sou o mais comum dos seres
Nada tenho que me diferencie de outro
Nem tampouco que me identifique com quem quer que seja.
Não fui o primeiro e nem o último
Parei no meio do nada
E muitas vezes nada me sinto
Tão pouco nada faço.
Ando sem rumo
Assim não canso
Nem penso
Não quero e não desejo.
Aceito o que vier a chuva, o sol, o relampejo.
Acoita-me a noite, o descampado ou o freixo.
Os fantasmas me tomam por companheira
Não se assustam nem me maltratam
Respeitam a dor que comigo habita
De ter me tornada nada na vida
Como eles poeira e pó.