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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Cão



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Iris Scott - Pintura
Quem sabe um dia teve um dono
Um dono e não um amigo...
Que o abandonou as ruas
Sem nenhum abrigo.

Talvez esse pelo ralo que te cobre,
A pele seca e perebenta,
Tenha sido sedoso, cheiroso e belo.
E hoje parece resultado de escalpelo.

Podias ontem ter comida farta,
Mas, hoje sorte ingrata,
És relegado a fome.

A miséria humana em ti se desdobra
Pois, se o homem não fosse essa coisa má e torta
Não estarias jogado a própria sorte.

domingo, 2 de agosto de 2020

Alma triste


Irene Sheri
Onde ontem se encontravam flores,
Hoje rebentam secos espinhos,
Resultantes dos descaminhos
Esquecido os amores.

Fossem belas as visões de outrora
Agora só restam as cinzas cores
A soma de todas as dores.
Não há chance alguma de nova aurora.

Sorumbática face escarnecida.
Se põe na vida adormecida,
Sem forças para viver.

Reprime em si toda a beatitude,
Prisioneira da vida e suas vicissitudes,
Esquece até de morrer...

Mallika Fittipaldi. 02.08.2020

domingo, 16 de agosto de 2015

A Senhora.


File:Louise De Hem - 1888 - An old woman.jpg

Lousise De Hem. 
A senhora.
Um pouco escuro. Como os seus olhos e seu olhar.
Alguma coisa distingue mesmo sem precisar contemplar.
Os vasos antigos, a chaleira amassada todos sempre no mesmo lugar.
Assim não os perde de vista...  Se assim posso expressar.
Cada passo é um arrasto do chinelo velho, marcado, macio de uso.
No chão riscado pelo tempo e pelas suas ações.
São passos lentos, calculados para não ir ao chão.
As janelas e portas fechadas medo do ladrão.
A televisão apagada não chama mais a atenção
As novelas, para ela, depravadas os jornais sangue aos borbotões.
Que não interessam que não ensinam, só aumenta o medo da solidão.
Segue a vida entre o quarto, a cozinha, o banheiro e a sala.
Um universo repleto de baças lembranças e pó.
São os biscuit e pratos na cristaleira,
Não sabe por onde andam mais os copos, a poncheira e todos os cristais.
Quem os levou? Que fim tiveram? Não importa...
O tapete roído pelo tempo sob a mesa pesada
De madeira e mármore que há séculos não tem suas cadeiras puxadas, remexidas, usadas.
Muitas fotos nas paredes amareladas, tanto as fotos como a tinta desgastada.
Há pessoas que reconhece. Outras se perderam na lembrança em sua memoria que tanto falha.
Belo menino esse a sorrir para ela. Mas, quem será?
Continua a jornada em busca de um chá.
Porque hoje estar tanto a pensar.
Será que vem alguém a visitar?
Precisa se arrumar.
Mas, quem viria?
Filhos, netos, amigos?
Não se lembra de nenhum.
Vamos ao chá. A chaleira do fogo precisa retirar.
Que cansaço em seus pequenos passos
Precisa se sentar, descansar, dormir um pouco.
Um pouco...
O cheiro do gás a se espalhar
Escapando pelas frestas das portas e janelas
Os vizinhos a gritarem abra a porta!
O filho avisado, apressado, angustiado com a próxima reunião empresarial.
Esbraveja: Mãe, mãe abre a porta. Estou atrasado mãe!
Silencio.
A velha senhora repousa dentro da sua camisola,
Sem saber a hora, sem sofrer,
Somente o sono eterno
O eterno desfalecer.

sábado, 25 de outubro de 2008

No final.

No final.

Quando tremerem minhas mãos

E nada puderem fazer...

Quando meus olhos

Estiverem sem luz...

Meus cabelos

De branco neve...

Minhas memórias antigas vivas

Minhas novas memórias mortas...

Minhas pernas fracas

Esquecidas numa cadeira de rodas...

Meu corpo frágil

Estendido sobre o leito...

Meu coração a bater ainda

Contudo lento...

Lembra-te...

Que minha alma ainda te ama...

E precisa do teu amor.

Para ficar em paz.

E mesmo com todos os pesares dos anos.

Ser feliz.