sábado, 17 de fevereiro de 2018

Tola.



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Tento verdadeiramente esboçar a minha linha, meus passos.
Penso, contudo, que erro quase sempre meus traços.
Por enquanto, ainda culpo o compasso.
Esse corpo que acham meio torto, meio feio e desajeitado.

Sonho possuir a beleza de Vênus, os lábios de Cleópatra, os cabelos de Freyja.
Os encantos das ninfas, a leveza das sílfides, o som das nereidas.
Enfim, a beleza perfeita.

Ter minhas decisões inquestionáveis,
As convicções inabaláveis,
As crenças indestrutíveis,
As palavras irredutíveis.

Cada pensamento gerando perfeita criatura,
Cada sentimento para com o outro puro amor e candura,
Cada ato corporal miríade de concepção transcendental.

Retorno ao aqui e agora com todos os meus livros de história
Onde Hitler usou a palavra e destruiu milhares,
Onde guias espirituais pregam Deus Amor de forma destrutiva e contraditória,
E os homens unem-se para criarem dores, sofrimentos, pesares.

Agradeço ao corpo torto e feio não dado a realizar grandes feitos.
A mente lerda e vagarosa para a resposta fria, amarga e dura.
E o coração mole para todo e qualquer tipo de criatura.

Deixe-me ser tola ao olhar do mundo.
Pois, durante á noite não são meus sonhos feios e imundos.
Descansa minha alma sobre minhas tolices.
Adoçando-se no mel que brota daquilo que muitos chamam de idiotice.

Mallika Fittipaldi. Autoria.





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