Sei que, um dia qualquer “parto”, desse rincão, mas, não em pedaços.
Irei inteira, solteira, nua, completa, frágil como uma anciã,
forte como aço.
Vou sem medo, assim que deixar as velhas vestes, que
cobriram tantas vergonhas.
Ciente de que tudo o que me vestirá serão os meus desmandes
e desonras.
Possivelmente o meu brilho será opaco e minha consciência disco
arranhado
Assim é, aprendi a conviver (comigo) com meu carrasco.
Não terei vergonha de tantos erros.
Já cometi desacertos por tantas vidas.
Fica só novamente a saudade do que deixo,
Tudo que me dava alegria,
Os amores dessa antiga vida.
Reiniciarei de novo a caminhada, sangrenta, suada.
E pela Divina Graça poderei observar comparar
Que há menos espinhos a me machucar, a menos almas a me acusar.
Procurarei o que levou a essa mudança com pressa e ousadia.
Quando então, com certeza lá no fim da estrada encontrarei
mãos amigas estendidas.
Mãos dos que alimentei com sobras, a quem doei para esnobação,
por bondade simulada.
Verdadeiros anjos a amparar-me a chegada sofrida, acolher
sem perguntar, me amar sem cobrar.
Mallika Fittipaldi. Autoria.
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