segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
sábado, 29 de dezembro de 2012
A árvore.
Enterrei
profundamente minhas raízes na terra.
Escavei o mais
fundo que pude.
Enrosquei-me nas
pedras duras e frias.
Atravessei camadas
e camadas de terras frias, úmidas, fofas.
Cheguei ao barro e
atravessei-o.
Fui fundo.
E enquanto me enroscava
cada vez mais na Mãe que me nutria.
Cresci em beleza e
força.
Meu troco cheio de
nós.
Cheio de rugas
grossas e negras.
Meus galhos vivos,
viçosos.
Minhas folhas fortes
e saudáveis.
Cresci mais que
todas as árvores.
Estava ali plena e
segura.
Vendo passar o
tempo.
Passar as nuvens.
Passar as
estações.
Nascerem,
crescerem e morrerem os homens.
Mesmo aquele que
me plantou.
Liberei sementes.
Fui moradia para
pássaros, besouros, formigas, lagartas, borboletas e lagartixas.
As crianças subiam
em meu tronco.
Não temiam ficarem
dependuradas nos meus galhos.
Eles não quebravam
facilmente.
Eu era imponente.
Entre minhas irmãs
a mais orgulhosa.
Nada dizia. Mas,
meu porte demonstrava o que sentia.
Mas, algo
aconteceu.
Minhas raízes
atingiram veio d’água.
Que se infiltrou
numa quantidade que não podia consumir.
E elas foram
apodrecendo, tornando-se frágeis, mortas.
E como uma doença
infernal se espalhou por todas as minhas pernas.
E o meu tronco foi
descascado, minhas folhas caindo. Meus galhos enfraquecendo.
As crianças já
temiam subir em mim.
E fui abandonada
pelos moradores.
Só restaram os
cupins.
Que me devoravam
os últimos resquícios de vida.
Finalmente tombei
em dia de tempestade.
Não servi nem para
lenha.
Esquecida fiquei
por anos e anos.
Apodreci voltei a
terra.
E para meu
encanto.
Reiniciei a lançar
raízes.
A viver de novo.
Como se a natureza
desse a cada ser sempre uma nova chance.
De vida e vida em
abundância.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Lua, Lua, Lua. 3

É teu semblante sereno e branco
Que acalentou e acalenta
Tantos e tantos sonhos.
Soprados ao vento,
Feito prece,
Canto ou encanto.
E tu soberana da noite,
Ciclicamente renovada,
Escutas pacientes minhas lamúrias.
Meus lamentos ensimesmados,
Eu em mim concentrado,
Absorto em minha alma chorosa.
Qual mãe prestativa e presente
Surge sempre quase mesma hora
E eu sei que poderei contar contigo
Contando minhas histórias,
Enquanto fitas, calada e comovida
As minhas chagas.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Sons, pena e tinteiro.

Dos sons dos mortos tiro letras vivas
Que fazem tremular corações,
Reavivar emoções, dores e alegrias.
Desses sons de tempos idos
Refaço e faço poesia.
Que falam da vida, do dia-a-dia,
De chegada e partida,
De ida sem mais vinda.
Fazendo brota lagrimas doridas,
Gritos sussurrados,
Desgostos que angustiam.
Desses sons dos mortos
Embebo vidas.
domingo, 23 de dezembro de 2012
Solidão.

Estamos irremediavelmente sós?
Não há nada após o eu?
São quimeras os sonhos meus?
Tolices humanas, crendices?
Somente agonia e solidão?
Sem amor e atenção?
Onde estão os anjos?
Os seres de luz?
A compaixão?
Cáritas existes ou não?
Meu guia?
Meu anjo guardião?
Não vejo senão meus passos.
Ouço somente ecos dos meus gritos agônicos.
Sinto o frio dos espaços vazios.
Onde perdi Deus?
sábado, 22 de dezembro de 2012
12/12/2012
Esperei... Confesso, sem muitas esperanças.
O Armageddon, o apocalipse, o ragnarok
Enfim, o fim do mundo.
Desse mundo frio e impessoal
Onde o afeto tantas vezes visto como feio
E o toque marginal.
Que acabassem de morrer os mortos
Mortos de amor.
Gente movida por vis sentimentos
Ódio, vingança, impor terror.
Movidos à lenha ou laser das paixões
Consideradas tão humanas
Quando na verdade não o são;
Egoísmo, poder, medo, excitação.
Esperei o fim do mundo
Novamente não veio não.
Continuam nos jornais, rádios, TVs.
Noticiando o que há de pior em cada irmão
Falta de amor e compaixão.
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Pontos de vistas.

Pontos de vistas.
Quem anuncia a vida
Anuncia a morte.
O sino da igreja que toca pro batismo.
Toca para o velório.
Muitos pés que vieram comemorar a chegada.
Estarão presentes na partida.
Olhos que sorriram no batizado.
Choram no enterro.
O pequeno corpo saudável e vivo da primeira festa.
Inerte e frio na despedida.
O amor substituído pela saudade.
A felicidade pela dor.
Os sonhos pela realidade.
O júbilo pela intranquilidade.
Os planos pelo desconhecido.
O começo por um novo reinício.
Que não vemos.
Como um barco que do porto parte.
E dobra a linha do horizonte.
Onde desaparece para nós.
E reaparece para outros.
domingo, 16 de dezembro de 2012
Passou...

Passou...
O Sol que se pôs
Pôs a sombra da noite à vista
Pôs a sombra em minha alma
Escureceu minha vida
Desterrou minha alegria
Apagou minhas boas lembranças.
Atiçou minha tristeza
Levou-me a ser grande
A ser adulta
A ser responsável
A ser presente.
Sempre a posto
Feito um escoteiro
Feito um médico plantonista
Um policial de plantão
Sempre esperando o pior.
O pior...
Em forma de sufocar a criança
O sorriso tolo
A brincadeira inesperada
O canto na rua para si mesmo
O ser simples.
Tornar-me grande
Torna-me adulta
Torna-me intragável
Tornar-me inatingível
Tornar-me controlada
Tornar-me controladora.
Quero ser o que já fui...
Correr sem ter pra quê...
Tomar banho de chuva...
Sentar a beira mar sem medo...
Chorar por chora...
Chorar por mim...
Chora por ti...
Chora pelo mundo...
E depois sorri...
Pois o que é...
É assim.
sábado, 15 de dezembro de 2012
Onde estão?

Onde estão?
Àqueles que saíram há poucos minutos?
Os que foram trabalhar,
Os que se deram às caminhadas,
Mas, principalmente, os filhos que foram à escola.
Onde estão?
Àqueles que voltariam em cinco minutos,
Àqueles que retornariam com o pão,
Àqueles que nunca chegaram da viagem.
Onde estão?
Os maridos que foram comprar cigarros,
As esposas que foram provar as roupas novas,
Mas, principalmente, as crianças.
Onde estão?
Os que se perderam na boca da noite,
No vicio das drogas,
Nos seus próprios pensamentos,
Mas, principalmente, nossas crianças.
Quem segurou suas pequenas mãos?
Quem lhes convidou a palácios?
Quem lhes prometeu alguma coisa boa?
Onde estão todos?
Que sumira,
Que desapareceram,
Que se esconderam aos nossos olhos,
Que se ocultaram,
Que se perderam na vida.
Onde estão todos eles?
Esquecidos de nós?
Tão distantes que não podem voltar?
Presos, amarrados, algemados?
Onde estão nossos maridos?
Nossas mulheres?
Nossos amigos?
Mas, principalmente, onde estão os nossos filhos?
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Dois anjos.

Dois anjos.
Um anjo dorme.
Junto a outro anjo.
Um anjo despede-se da vida.
Por outro anjo.
Um anjo ensinou ao anjo o amor e a dor.
O anjo não conhecia o sofrimento, o tormento, o desalento.
O pequeno anjo lhe sorria e ensinava.
O grande anjo se encantava da miudeza do anjo.
O pequeno anjo iluminava o grande.
Seu riso enchia-lhe o coração de amor humano.
O grande anjo nunca tinha sentido essa emoção.
Anjos são diferentes dos homens seus irmãos.
Não sentem. Só cumprem missões.
Mas, dessa vez foi diferente e o grande anjo mudou então.
O pequeno anjo conquistou seu coração.
Com amor, brandura, bondade, beleza, elevação.
Desencarnou o pequeno anjo.
O grande anjo deitou-se sobre sua lápide.
Pela primeira vez chorou.
E numa escultura de mármore se transformou.
Sobre a tumba do seu pequeno anjo
Eternamente repousou.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Ouves.

Ouves.
É o que posso oblatar.
Mas, o que tenho quero doar.
Que me servem sapatos e meias...Sem pés.
Calças, saias, bermudas...Sem pernas.
Camisas, camisetas, camisolas...Sem tórax.
Batons, pós, cremes...Sem rosto.
Óculos sem olhos.
Pentes, escovas, chapinhas...Sem cabelos.
Casas...Que não posso habitar.
Carros...Que não posso dirigir.
Cavalos nobres...Que não mais cavalgo.
Família...Que não me ver.
Amigos...Que me esqueceram.
Meus animais de estimação...Únicos que me percebem.
Sentada na cadeira de balanço no terraço.
Tanto tempo passado da minha morte.
Evitam-me.
Ali fico.
Esperando não sei o que.
Já que em nada acreditei.
O que poderia me esperar se não o vazio?
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
A última pedra.

A última pedra.
Por milhares de anos ele retirou as pedras do Caminho.
Grandes pedras as que estavam no inicio.
Pontiagudas, cortantes, perfurantes.
Largo esforço para movê-las de pouco em pouco.
Até colocá-las as margens do Caminho.
Era a sua tarefa.
Limpar, transformar, retirar o que era considerado um entulho, um empecilho.
Vieram outras pedras.
Longo era o Caminho.
E ainda haveria outras.
Ele continuou.
Com outras pedras.
Com pedras que lhes pareciam tão preciosas.
Brilhantes, jaspe, diamantes.
Mas, todas deveriam ser retiradas do caminho.
Sem exceção.
E muito, muito tempo depois terminou sua tarefa.
Apresentou-se ao seu empregador.
E calmamente relatou o fim da sua jornada.
Então o empregador mostrou-lhe no começo do caminho uma pequena, mísera pedra, que tinha ficado na estrada.
Ele retrucou que a pedra era tão minúscula que não maculava seu trabalho.
Ao que o empregador disse: mas, era aquela pedra, chamada perfeição, que seria o ponto final da tua evolução. Volta e retoma a tua luta pelo que ela representa...
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Alma gêmea.

Alma
gêmea.
São todas
letras para você
Que te esperei e persisto.
E ainda
esperarei enquanto existo
Que seja
pela eternidade adentro
Que seja
pelo mundo afora
Que a
busca seja inútil e infrutífera
Que gaste
nela todas as minhas horas.
Estarei a
ti buscar de toda forma
Sem te
esquecer em nenhuma hora.
Cingir
tua vida a minha vida
Tua luz a
minha luz
Tua alma
a minha alma
E pela
senda eterna
Que o
Cosmo nos conduz
Sermos
par
Inseparáveis
de seres de luz.
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