Em meio às águas.
Em meio à furiosa tempestade marítima
Banhado por ondas gigantescas e bravias.
Balança a nau sem parecer ter refugio.
Ao gosto dos ventos que a empurram ao seu bel prazer.
Perdeu o timão o seu comandante.
E os marinheiros esperam silenciosos o fim.
O tormento da espera pela morte certa.
Os braços do oceano.
Que já lhe sustentara a vida.
Que lhe dera os peixes.
A manutenção da família.
Mas, agora rasga suas esperanças de retorno ao lar.
Surge o mais velho deles com algo entre as mãos.
Um antigo quadro do Cristo.
Que servia de decoração.
Um cristo morto naqueles corações.
Inicia, o velho marujo, a única oração que sabe.
Dos olhos brotam águas salgadas.
Salgadas como a água do mar.
Os companheiros que estavam em silêncio são tocados nos resquícios de sua fé.
E acompanham o velho marujo em sua oração.
No meio da tempestade uma luz de esperança inicia a brilhar da antiga embarcação.
E se expande.
Como se quisessem participar daquele ato.
Os espíritos marítimos se calam.
As ondas se acalmam.
A chuva torna-se fina, rala.
E por um momento fugaz.
Pareceu ao velho marujo.
Ver alguém andar sobre as águas:
Jesus.
(visite: Poemas e Encantos II )
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