A sereia.
No fundo do mar cantou uma sereia para mim:
Vem, vem, vem para melhor me ouvi.
Vem, vem, para mim.
Bravamente resisti.
E ela continuou com seu canto:
Vem para ser feliz.
Em meus braços de gelo e giz.
Em águas frias da cor da flor de Liz.
Bravamente resisti.
Em castelos de conchas douradas.
Ouvindo minha voz encantada.
Tendo só sonho as madrugadas.
Vendo a Lua sob as águas.
Continua o canto sereia.
Dar-te-ei a vida eterna.
Mocidade que não acaba.
Força, coragem, bravura.
Bravamente resisti.
Esperava-me no porto.
Nessa noite fria.
A esposa fiel e madura.
De calos nas mãos e na face rugas.
Não podia deixar pelo canto vago da sereia.
A realidade que me chamava.
O amor maduro e responsável.
De quem viveu, sofreu e sempre batalhou ao meu lado.
Bravamente resisti.
A beleza impar daquele ser.
Que representava todas as ilusões do mundo.
Pois, ao cair na água gelada.
Morreria e não seria mais nada.
Só um perdedor.
Um fraco.
Um sonhador.
(visite: Poemas e Encantos II )
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