Frente a tanta dor.
A tanta miséria.
A fúria da não aceitação.
Aos tratos com a divindade.
Aos arrependimentos.
A luta cansativa contra a moléstia.
As lágrimas noturnas enquanto todos dormem.
A dilacerante certeza da partida.
O medo do desconhecido.
A solidão pesada e silenciosa.
O fingimento de quem acredita na cura.
O abraço que sabe ser o último aqui.
O beijo de despedida.
O riso falso de quem crê na vitória.
Os tratamentos cansativos e dolorosos.
As máquinas enfiadas no corpo.
Mãos estranhas a tocarem na intimidade.
A opressão do coração desesperançado.
A saudade de deixar quem ama.
O apego ao que criou.
O murchar das rosas que tratava com tanto cuidado.
Depois de tanta luta.
A resignação.
De que a roda da vida é também a roda da morte.
E que uma roda, roda a outra roda.
E finalmente a paz no olhar.
Apesar de tudo.
E quando a Lua saí e se espelha na poça d’água.
Com seus mistérios de luz sem luz.
Um anjo entra em teu quarto.
Sorrir.
Toma-te pela cintura.
E leva tua alma.
E nos deixa sem ti.
Um comentário:
Mllika,
Fiquei suspensa no mento.
Soberbo!
bj
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