
Quando nasci minha boca era grande
Cobria quase todo meu pequeno rosto
Ficava feio e engraçado
Acho, que a minha mãe deu desgosto.
Cresci, cresceu a boca e os dentes.
Grandes como a caverna que os guardavam.
Branco como leite (eram de leite)
E aos poucos caíram de maduro
Feito fruto do pé.
Adoleci (se tem por aí esse termo)
Falava pela boca e cotovelos
Ria de tudo e ria com todos
Uma grande boca risonha
Com dentes de coelho.
Amadureci.
Aprendi a fechar a boca.
Porque falar era errado.
Já não era tão grande minha boca
Faltavam-lhe exercícios e ela murchou.
Envelheci
Foram-se os dentes como flores mortas após primavera.
Minha grande boca novamente abriu
Sem dentes próprios é verdade
Mas, uma linda perereca.
E novamente a língua solta
O riso solto
Já não devia nada a ninguém
A fala saiu mansa e verdadeira
A velhice fez à asneira
De fazer -me dizer minhas verdades.
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