
É a poeira do tempo
Levantando a solidão, o isolamento construído no tempo.
Espalhando lembranças, amarelas, rotas, estáticas.
Arrastando o que resta da memória.
Pequenos instantes de felicidade que achava inúteis.
Levando os últimos e únicos sorrisos.
Submergindo, escurecendo o rosto dos poucos amigos que restaram.
Apagando as aventuras da mocidade.
Os amores infantis, os beijos roubados, com consentimento implícito.
Tornando esquecível o inesquecível.
A pipa no ar, os banhos de rio, o deslizar nas pedras da cachoeira.
As corridas de pangarés.
A caça as tanajuras.
As mãos de mãe nos meus cabelos.
A voz forte do meu pai a chamar-me.
Meus incontáveis irmãos e irmãs sentados a mesa.
Única hora de silêncio.
É o vento do tempo passado
Que nos presente faz com que esqueça
Até quem sou eu.
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