
Quem sabe um dia um anjo
Virá ate a minha janela
Numa luz divinal
Com sorriso, claro, angelical
E me dirá: vem!
E eu rugas, ossos, pele
Lenta como o correr das horas
Sorrirei e irei
Calçarei minhas pantufas
Colocarei sobre o camisolão meu cachecol
Colocarei as dentaduras
Farei um rabo de cavalo branco no alto da cabeça
Sorrirei e irei
E a cada passo em direção ao anjo
Surpresa
Remoçarei.
Olharei pela última vez o quarto do asilo
As companheiras de solidão
Sorrirei para todas me despedindo
E no meu catre um velho corpo carcomido
Parecerá sorrindo comigo.