domingo, 21 de junho de 2009

Minha boca.

Minha boca.


Quando nasci minha boca era grande

Cobria quase todo meu pequeno rosto

Ficava feio e engraçado

Acho, que a minha mãe deu desgosto.

Cresci, cresceu a boca e os dentes.

Grandes como a caverna que os guardavam.

Branco como leite (eram de leite)

E aos poucos caíram de maduro

Feito fruto do pé.

Adoleci (se tem por aí esse termo)

Falava pela boca e cotovelos

Ria de tudo e ria com todos

Uma grande boca risonha

Com dentes de coelho.

Amadureci.

Aprendi a fechar a boca.

Porque falar era errado.

Já não era tão grande minha boca

Faltavam-lhe exercícios e ela murchou.

Envelheci

Foram-se os dentes como flores mortas após primavera.

Minha grande boca novamente abriu

Sem dentes próprios é verdade

Mas, uma linda perereca.

E novamente a língua solta

O riso solto

Já não devia nada a ninguém

A fala saiu mansa e verdadeira

A velhice fez à asneira

De fazer -me dizer minhas verdades.

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