sexta-feira, 12 de junho de 2009

Alzheimer.


É a poeira do tempo

Levantando a solidão, o isolamento construído no tempo.

Espalhando lembranças, amarelas, rotas, estáticas.

Arrastando o que resta da memória.

Pequenos instantes de felicidade que achava inúteis.

Levando os últimos e únicos sorrisos.

Submergindo, escurecendo o rosto dos poucos amigos que restaram.

Apagando as aventuras da mocidade.

Os amores infantis, os beijos roubados, com consentimento implícito.

Tornando esquecível o inesquecível.

A pipa no ar, os banhos de rio, o deslizar nas pedras da cachoeira.

As corridas de pangarés.

A caça as tanajuras.

As mãos de mãe nos meus cabelos.

A voz forte do meu pai a chamar-me.

Meus incontáveis irmãos e irmãs sentados a mesa.

Única hora de silêncio.

É o vento do tempo passado

Que nos presente faz com que esqueça

Até quem sou eu.

Nenhum comentário: