terça-feira, 9 de setembro de 2008

Alma desesperançada.

Alma desesperançada.


Nada vejo.

Nem quero ver.

Ou mesmo lembrar.

Nada me interessa retomar.

Estanquei no tempo.

Preso ao que fiz.

E não tem como consertar.

Fui e fiz o que quis

Como alguém a de perdoar.

Sangue em minhas mãos.

Dor no meu peito.

Repulsa a mim mesmo.

Sou réprobo.

Assassino.

Monstro deformado.

Deus de pés de barro.

Caí do pedestal que eu mesmo criei.

Perdão? Não, não mereço.

Que fique aqui, nessa lama, esse é o preço.

De todo mal que fiz.

Abandona-me idiota.

Tua luz só me faz mais infeliz.

(visite:
Poemas e Encantos II )


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Alma abortada.

Alma abortada.


Ela não me quis.

Retirou-me da sua vida.

Lançou-me fora como um saco de lixo.

Rasgou-me a carne.

Feriu-me os órgãos.

Queimou minha pele.

Não peça por ela.

Ficarei aqui a lhe ver sofrer.

Já não lhe serei o filho.

Mas, o algoz.

Aquele que a enlouquecerá.

Que cobrará todos os dias pela morte.

Pelo sofrimento que me fez passar.

Pelos sonhos que não realizarei.

Pois, ela me matou.

Ainda no ventre.

Sem saber quem eu era.

A felicidade que lhe traria.

Com meus risos e brincadeiras.

Seria um bom filho.

Já a havia perdoado pelas outras vezes.

Mas, basta.

Essa foi à última morte que ela me determinou.

É a minha vez.

Some com tua luz.

Nem eu, nem ela somos merecedores de piedade e compaixão.

Deixe-nos entregue aos nossos ódios.

Consumido-nos mutuamente.

(visite:
Poemas e Encantos II )


domingo, 7 de setembro de 2008

Alma vingativa.

Alma vingativa.

Quem me impedirá?

Tu?

Com tua bondade?

Sem usar força?

Faz-me ri.

Tenho o direito à vingança.

Tenho direito a justiça.

Tenho direito ao ressarcimento.

Na forma de dor.

Quantas lágrimas ele me fez chora.

Quantas noites acordada esperando meu filho voltar.

Quando sabia que não voltaria jamais.

Ele empunhou a arma que nossas vidas tirou.

Pois, a morte do meu rebento, foi a minha também.

Meu filho era minha luz.

Meu amor, minha vida.

E agora queres que o deixes.

Nunca.

Irá sofre o que sofri.

Mesmo que tenha mudado.

Embranquecido os cabelos.

Enobrecido a alma.

Há a divida e ele pagará.

Com a morte do próprio filho.

A morte do meu.

Não perdoarei.

Mesmo, que daqui, volte ao inferno.

Ele sentirá no coração o que senti.

O vazio, o fim.

Desaparece mensageiro.

Tuas palavras não me tocam.

Só a vingança.

(visite:
Poemas e Encantos II )


sábado, 6 de setembro de 2008

Alma presa a Terra.




Alma presa a Terra.


Não sairei da minha casa.

Vivi toda minha vida aqui.

Cada canto tem sua memória.

Cada lugar uma historia.

Aqui nasceram meus filhos.

Morreram meus pais.

Criei meus netos.

Visitaram-me os bisnetos.

Aqui dei o primeiro beijo.

Aqui foi a minha primeira noite de amor.

Aqui plantei flores no jardim.

Aqui aprendi a viver.

Não, não sairei daqui.

Não me peça anjo esse sacrifício.

Foram tantos anos.

Deixa-me sentada em minha cadeira à janela.

Vendo todos os dias o Sol se pôr.

É mais simples.

Conheço tudo aqui.

Agradeço suas visitas.

Mas, prefiro continuar assim.

Não, me tirarás daqui.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Alma inconsciente


Alma inconsciente

Quem sou? Não sei...

Donde vim, também não lembro.

Pareço uma folha em branco.

Levada pelo vento.

Por que queres me ajudar?

Eu sei ninguém ajuda de graça.

Que desejas de mim?

Nada tenho a dar.

Nem lembranças.

Só a dor de não ser ninguém.

Dizes que estou morto.

Sempre foi assim.

Não sei porque, mas foi.

Tenho certeza.

Mesmo que não lembre.

Não quero te seguir.

Não sei onde desejas me levar.

Estou só.

Sempre estive.

Eu sei, não sei como, mas sei.

Podes ir.

Não desejo companhia.

Não sinto falta de nada.

A não ser das minhas lembranças.

Tu sabes quem sou eu?

(visite:
Poemas e Encantos II )

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Alma de sovina


Alma de sovina


Não, não darei nada meu.

Amealhei com suor.

Com trabalho árduo.

Acordei cedo,

Dormi tarde,

Dormi pouco.

Não, não darei nada meu.

Não me peçam esmolas,

Não me falem em caridade,

Fui honesto,

Trabalhei de boa vontade,

Guardei cada centavo,

Não gastei com souvenir,

Com besteiras,

Com diversões.

É meu esse tesouro.

Não, não darei nada meu.

Foi tudo com muito esforço.

Por que me pedes que abandone o que criei?

Nada mais interessa a mim a não ser o que é meu.

Saía daqui com tua luz, incomoda.

Cada um que amealhe seu ouro.

Não, não darei nada que é meu.

Mesmo, sem carne sobre os ossos,

Mesmo como dizes: morto.

Não, não darei nada que é meu.

Esse é meu tesouro.

O que construí.

E aqui ficarei guardando o brilho do metal.

Por toda a eternidade, mesmo sozinho.

Pois, foi aqui que empenhei minha alma.

Vai-te com tua luz.

Na escuridão que habito.

Só o brilho do metal amado sana minha dor.
(visite: poemasencantos I )

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Mortes e Mortes.

Mortes e Mortes.

Existem tantos tipos de vidas como de mortes.

Existem tanto tipos de pós-morte no além-vida.

Quantas almas em diferentes estágios vagueiam, pranteiam, aterrorizam-se, apaziguam-se, reconstroem a si mesma.

Seguem algumas rotas. Caminhos trilhados pelos irmãos do outro lado do véu com meu profundo desejo que encontrem a Luz e a aceitem. Para saírem do poço que cavaram na existência terrena.

Poemas sobre almas serão postados em Encantos e Poemas I e II. Que sejam lições para reflexões.

Um abraço fraterno a todos vocês.



Tudo se esvaece.

Tudo se esvaece.

Tudo se vai

Passa de estado a outro.

Esvai-se lento ou lépido

Escorre, manso, feito água em concha nas mãos.

Como nuvens passageiras no céu.

A infância de piscar olhos.

As alegrias dos presentes natalinos.

O amor platônico de real inatingível.

Como os carros nas estradas.

As multidões urbanas que somem as madrugadas.

Os olhos que se fecham mesmo em noites enluaradas.

As paixões instantâneas e mascaradas.

Tudo se vai

Mas, nunca de todo o todo se esmaece.

Fica nas marcas da memória.

O que nos entristece nos amofina ou nos aquece.

(visite:
Poemas e Encantos II )


terça-feira, 2 de setembro de 2008

Feito por mim



Feito por mim


Cada pedaço

Cada detalhe

Cada erro.

Cada acerto.

Cada passo.


Feito por mim.

Cada laço.

Cada percalço.

Cada trapaça.

Cada cilada.


Feito por mim.

Cada lágrima.

Cada palavra.

Cada descida.

Cada mancha d’alma.


Feito por mim.

Cada estrada.

Cada caminho.

Cada calçada.

Cada alto.

Cada baixo.


Feito por mim.

Cada vida.

Cada detalhe.

Cada dor.

Cada amarra.


Feito por mim.

Cada erro.

Feito por mim

Cada conserto.

(visite:
Poemas e Encantos II )

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Outros corpos

Outros corpos

Sejas minha

Minha estrela

Estrela além mar

Mar que nos separa

Separa e une

Une almas irmãs

Irmãs de vida

Vida essa vidas outras

Outras histórias

Histórias passadas

Passada noutros tempos

Tempos de outros corpos

Corpos e personalidades

Personalidades diferentes

Diferentes...

Mas, éramos nós.