Nascemos anjos perfeitos
Primorosas obras primas
Crianças de luz
Em nosso riso felicidade
Nas pequenas mãos nenhuma maldade
Nada que perturbe a paz da humanidade.
Crescemos
E entortamos nossos espíritos.
Na luta por sermos notados
Na guerra surda para sermos amados
Nas suplicas famintas de não sermos abandonados.
Mentimos, enganamos, ludibriamos
A quem quer que seja
Por um pouco de amor
Pelo pão a nossa mesa
Pelo reconhecimento de alguma de nossas obras.
Necessitamos, queremos, desejamos
Perdemo-nos, como crianças luz, escurecemos.
E quando em um dia nos vemos no espelho da alma
Não nos reconhecemos.
Assusta-nos aquele ser vil que nos tornamos.
Tombamos e sofremos.
Entortamos pela busca dos prazeres que nos oferece o mundo.
Ei que então com sua luz morta e fria
Bordamos nossa mortalha onde enrolamos nossa casca vazia.
Pudéssemos saber de antemão
Que tudo que nos oferta a vida poderia ser iluminado
Por cada ação amorosa que fizéssemos.
O gesto carinhoso com o outro mesmo quando nosso coração
sangra de solidão
O pão repartido quando também temos forme
O braço amigo mesmo que a dor faça-se presente pela nossa ação.
Pudéssemos saber
Que a rota da real da
felicidade
Não é a conquista da nossa
alegria
Ou louros de vitória
Ou ouro e gloria
Somente sim criar o bem de todos
Sendo seres calorosos
e amorosos
Manteríamos nossas almas eretas
Nossos espíritos radiantes.
Nossas mortalhas brilhantes.
Nossas cascas... Amor.
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