Foi a mais bela rosa vista.
Retiraram-na imediatamente do convívio do jardim.
Separaram-na de suas irmãs não tão ditosas.
Colocaram-na numa redoma de vidro para que não sofresse o abalo dos ventos.
A temperatura era controlada para não lhe fragilizar as pétalas.
E foi a mais bela rosa de todos os tempos.
Sem nenhuma imperfeição.
Viveu o tempo que as rosas vivem.
Amarelou.
Murchou.
Morreu.
Como tudo morre ao seu tempo.
E foi lançada a terra.
Contudo, não viveu.
Não viveu o conviver com suas irmãs.
Não sentiu o perfume de outras rosas.
Não lhes ouviu o burburinho.
Não foi fecundada, não amou.
Não foi acariciada pelos ventos.
Não sentiu a chuva.
Nem o calor do Sol.
Era só mais uma filha da Terra.
Que deveria ter tido liberdade.
Mas, o medo de que fosse ferida e magoada.
Fez com que vivesse seu tempo numa redoma de vidro.
2 comentários:
Às vezes, perfeição e beldade, não são mais que um empecilho e factor de isolamento e marginalização.
Gostei da reflexão.
Bom fds
Runa
Curti muito seu blog. Já estou te seguindo... =)
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