Que monstro é esse que me oprime.
Que atormenta os meus pensamentos.
Que me dilacera os julgamentos.
Que me julga sem pudores.
E me lança ao rosto horrores.
Que não perdoa.
Não esquece.
Não tem piedade.
Só me entristece.
Que monstro é esse que me agita as noites.
Quando a cabeça coloco ao travesseiro.
E ele chega de manso.
E se coloca sentado a minha cama.
Sinto seu cheiro.
E meu estômago revira.
Por que fedes tanto...
Por que não te vais para sempre?
Que monstro é esse que me lembra:
De todos os meus erros.
De toda a minha ignorância.
De toda a minha maldade.
De toda minha displicência.
Da falta de caridade.
Das minhas vida regressas.
Do sangue derramado em causa própria.
Da dor e humilhação às mulheres.
Da subjugação dos homens.
Da escravidão das crianças.
Que monstro é esse?
Escuro como breu.
Vazio como o nada.
Doloroso como ácido.
Que me faz ter vergonha de quem sou.
Oh! Deus é minha consciência!