Quem poderia?
Tirar-me do fosso?
Que cavei tão profundo.
Onde colhi e coloquei todas as dores do mundo?
Quem poderia estender-me a mão?
Estática, imunda, seca do mal.
De todo mal que fiz.
Estendida há séculos, paralitica, senil.
Quem poderia falar
A ou meus ouvido mudos
Ocos de sons
Cheios de gritos, sussurros, malicia.
Tapados as palavras sãs.
Quem faria essa boca sorri
Nem que fosse um esgar
Uma paródia de sorriso
Um rachar de lábios.
Quem poderia me socorrer
Das paredes que fiz tão forte
E em círculos prendi-me no tempo
Em cada ato escandaloso e vil.
Tu que me ouves poderias?
Ou nem acreditas que ainda existo?
Num lugar lúgubre
Criado pela minha própria maldade
Habitado pelos meus iguais.
Em covas e abismos.
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