
Tentei.
Tentei, juro, tentei.
Não deixar morrer a esperança.
Não guardar más lembranças.
Não ser todo desconfiança.
Não me afastar do riso.
Não deixar me infestar pelo siso.
Não ficar seco que nem leito de rio.
Não abandonar os sonhos.
Não titubear nos planos.
Não jogar fora à felicidade.
Não fecha a porta a liberdade.
Não ser mais um morto-vivo nessa cidade.
Sem Luz.
Sem piedade.
Mais um sem divindade.
(visite: Poemas e Encantos II )
Ah! Se eu te amasse...
Não seria tão indelicada.
Tão grosseira.
Megera indomada.
Mentirosa e falsa em proveito próprio.
Ah! Se eu te amasse...
Não buscaria tanto meu prazer
Atropelando os outros.
Não seria egoísta.
Trapezista social.
Ah! Se eu te amasse...
Não seria triste minha vida.
Esperança não faltaria.
Nem tão pouco alegria.
Ou fantasia.
Ah! Se eu te amasse...
Já seria um anjo.
Um Deva.
Um santo.
Um Mestre.
Ah! Se eu te amasse...
Não te buscaria todos os dias.
Nada pediria.
Nada quereria.
Pois, teria tudo.
A certeza de Deus em mim.
E em toda vida.
(visite: Poemas e Encantos II )
Ato.
Quando se planta uma flor,
Rega-se o amor,
Doa-se um sorriso,
Cria-se uma esperança,
Ama-se uma criança,
Para a vida para ver o pôr do Sol,
A Lua que no céu desponta,
A estrela que brilha sem cessar,
Cria-se uma idéia para o bem-estar,
Um plano para muitos ajudar,
Um trabalho para se doar,
São os homens que estão a se transformar
Em anjos que auxiliam outros a acreditar
Que a vida é o melhor que há
(visite: Poemas e Encantos II )
Pensando em amor...
Amo.
Todos os dias que o Sol nasce soberbo.
Rasgando o céu.
Avermelhando as nuvens.
Amo.
Todos os dias de chuva.
Em que árvores são regadas com lágrima celestiais.
As ruas ficam empoçadas.
E o cheiro de terra úmida sobe as narinas.
Amo.
Todos os dias em que posso ver a passarada.
O vôo do gavião sobre os edifícios.
Os besouros nos jardins.
Os pequenos gafanhotos pulando na grama.
Amo.
O som do mar.
Seu rugido.
Seu gemido.
Seu som inconfundível.
Amo.
Pisar no chão de barro.
Caminhar pela areia.
Sentir nos pés pedregulhos.
E a terra fria.
Amo.
O som que produzo.
Quando falo de amor.
Quando acalento um amigo.
Quando desmancho um castigo.
Quando desejo um bem.
Amo.
O que Tu me destes.
E se faço de algo mau uso.
Perdoa-me a ignorância.
Há muito mais a aprender a amar.
Ainda aqui neste lugar.
(visite: Poemas e Encantos II )
Pressa.
De tanto que fiz...Esqueci.
Fazer tudo rápido, aleatoriamente.
Esqueci como são as coisas realmente.
Como um robô,
Uma máquina,
Que não sente.
Uma bomba no automático,
Que funciona “sozinha”,
Sem nada precisar.
Acordar,
Trabalhar.
Voltar ao lar.
Na rotina embarcar sem pensar.
Passando pela vida
Como a vegetar.
Com pressa
Sem parar e ver
As maravilhas de ser
Um ser pensante,
Um ser amante,
Um ser divino,
Um viajante,
No tempo e no espaço.
Feito para se alegrar,
Com todas as benesses,
As maravilhas,
As delicias divinas,
Que Deus no dá.

Destronei Deus.
Do seu trono de ouro e brilhantes.
Do seu cajado de diamantes.
Da sua coroa de marfim.
Das suas vestes de fios de ouro.
Das nuvens extremamente brancas e brilhantes.
Da sua beleza incomparável.
Da sua barba branca inigualável.
Destronei Deus.
O coloquei no homem que puxa carroça.
No moleque que cheira cola.
No louco da rua.
Na pequena prostituta.
No menor abandonado.
No feto no lixo jogado.
No ancião abandonado no asilo.
Em todos os não nascidos.
Nos que se foram sozinhos sem carinho.
Em cada irmão adormecido.
Pura verdade que Deus está em tudo isso.
Que é preciso mudar nosso olhar de Narciso.
E na feiúra da vida vê Deus por nós esquecido.
(visite: Poemas e Encantos II )

Quinze minutos para um poema.
Quinze minutos.
Nesse tempo o que se fala...
O adeus doloroso do amante adorado.
Que parte sem perspectiva de retorno.
A noticia de um desastre fatal.
Que nos leva amigos imperdíveis.
Criaturas adoráveis e risonhas.
O resultado de um exame
Que nos condena a vida.
Quando anuncia: negativo.
Em quinze minutos...
Posso mudar toda a minha vida.
Posso abandonar os meus.
Posso arrulhar a um novo amor.
Posso dizer adeus a mim mesma.
Em quinze minutos
Pode acabar meu mundo
O seu mundo
Nosso mundo.
Em quinze minutos...
Tudo pode mudar.
Mas, não, mais esse poema.
(visite: Poemas e Encantos II )

Meu jardim.
Desse-me a terra
Para eu criar um jardim.
As melhores sementes
O húmus vivificante
Sopra-se a vida
Eu coloquei o pé no barro e na areia
Com certeza plantei flores
Rosas, sempre vivas, cravinas.
Hortênsias, lírios, orquídeas.
Quão lindo poderia ter sido o meu jardim
Deixei, contudo de perceber.
A erva daninha que deixei cresce
A flor do orgulho
Que se espalhou e transformou-se
Em maldade
Desesperança
Vaidade
Mentira
Egoísmo
E o meu jardim murchou
Escureceu, apodreceu, morreu.
Estou de novo a fazê-lo
E Pai não me deixa esquecer
De escrutinar cada canto
Para que a erva do orgulho
Disfarçada de amor próprio
Não volte a reinar.
E meus esforços arruinar.
(visite: Poemas e Encantos II )

Encravadas.
Sinto por não ter mudado
Por ser o que não deixei.
Sinto pelo tempo passado
Tão mal aproveitado.
Sinto pelos erros encravados
Feito unha na pele.
Sinto necessário arrancá-los
Mas, uivo de dor ao tentá-lo.
Sinto que voa o tempo
E não me espera.
Sinto meu lento caminhar.
Parecendo a lugar nenhum chegar.
Sinto que a cada “descida”
Não pareço abandonar antigas vidas.
Sinto que elas continuam lá
Como unha encravada que não consigo arrancar.
(visite: Poemas e Encantos II )

Um dia.
Uma dia já não estarei cá.
Não ouvirei teu choro.
Nem tão pouco teu riso.
Não acompanharei teus passos.
Nem te verei perder-se nos descaminhos.
Não te poderei dar a mão.
Para ajudar-te a levantar após a queda.
Não te falarei das coisas boas.
Nem te alimentarei os sonhos.
Não ouvirei tuas queixas.
Nem somarei as minhas as tuas.
Não sonharei teus sonhos.
Nem realizarei os meus.
Não estarei aqui.
Nem tu sentirás falta.
Da tua segunda sombra.
Que te seguiu enquanto podia.
(visite: Poemas e Encantos II )