Morri.
Morri e não me arrependo
Deixei tudo para trás.
Abandonei a todos.
Tenho certeza não fiz ninguém debulhar-se em lágrimas.
Não “quebrei” nenhum coração.
Não abandonei mulher ou filho, não os tinha.
Os poucos amigos... Perdidos no tempo e na vida
Outros só camaradas de álcool e drogas.
Nada sofreram.
Mesmo meu corpo não sofreu
Pois quase já me existiam as carnes.
Nem mesmo um cão para deitar-se sobre a minha lápide.
E uivar suas saudades existia.
Que lápide? Era indigente.
Assim, por que tanta cobrança?
Desses seres abjetos.
Dessa minha morte desejada, sonhada, querida, almejada.
Se mesmo depois da corda ao pescoço
Do último esgar
Do último suspiro
Encontro-me vivo
Nesse vale de lamentação.
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