
Tenho certeza era um anjo
Algo nele brilhava
Sua aura aquecia
O coração de quem lhe visse palpitava
As almas humanas inebriavam-se
Com a doçura que dele emanava.
Um anjo
Com sorriso de anjo
Cabelos de anjo
Olhos de anjo
Energia de anjo
Quem lhe via
Por ele se apaixonava
Sua beleza
Sua leveza
Seus gestos simples
A todos tocavam
Não chorou nunca
Uma vez sequer...
De uma forma mais simples
Assim, disse a mulher.
Que segurava ao peito
Um bebê morto
Pela fome
Miséria
Descaso
De todos nós
Pelo outro.
Ampulheta da vida.
O tempo passou
E insistes em não ver
Finges que para ti ele parou
E esforça-te para ou outros não perceberem
Tua agonia, teu sofrimento, tua dor.
Ao ver surgir no teu corpo
Apesar de teu horror
As marcas desse terrível molestador
O tempo.
Que tira a firmeza da tua pele
Enruga tua face
Entrava teus ossos
Encrava espinhos nos teus sonhos.
Contudo, insistes, veemente em negar.
A passagem dos ponteiros do relógio
Os nascimentos e mortes do Sol
As primaveras que se foram em frescas manhãs
Os verões que te marcaram endurecendo teu coração.
Insistes em vão...
Pois, mesmo vestida de criança.
Teus olhos dizem os anos que se passaram
Nas lembranças que por essas janelas escapam
O descer da areia da ampulheta da vida.
(visite: Poemas e Encantos II )
Condutor.
Às vezes vejo os sofrimentos
Dos que se foram e não partiram
Dos que partiram e se esqueceram
E vagam em estreitos caminhos.
Ás vezes posso ajudar no processo
Com eles falando
Ou rindo
Afinal, são homens e mulheres.
Que ficaram presos
Não indo.
Às vezes os vejo em suas casas
Entronados em cadeiras inexistentes
Ao portão esperando docemente
Os que já não vêem.
Às vezes parece um sonho ou pesadelo
Mas, se tenho o dom por Deus dado (por mim almejado).
Que seja minha alma uma pequena condutora.
Que os leve até a ponte ou porta segura
Onde tem inicio o fim de suas agonia.
No socorro bondoso dos guias.
(visite: Poemas e Encantos II )

Valor.
Uma flor...
Um bem-me-quer
Caída ao meio da estrada
Suja
Pisada
Semi esmagada
Sem perfume
Aberta as pétalas sem pudor
Murcha
Machucada
Feia
Mal tratada.
Ninguém lhe dar valor.
Uma criança
Um anjo
Quem-me-quer
Caído na vida
Sujo
Pisado
Semi esmagado
Sem aroma
Sem conceitos
Fechado a vida
Maltratado
Ninguém lhe dá valor.
Até quando isso Senhor?
(visite: Poemas e Encantos II )
Meu corpo.
Tenho por limite meu corpo
Braços e pernas que pouco se estendem.
Tenho por navio meu corpo
Que veleja pela vida.
Tenho por amor Divino meu corpo
Que leva minha alma pelos tempos.
Tenho por mata borrão meu corpo
Que na pele aponta meus erros.
Tenho por amigo meu corpo
Que me espera quando saio.
Tenho por sentido meu corpo
Quando acaricio alguém.
Tenho por porto meu corpo
Para onde volto quando me convêm.
Tenho por memória meu corpo
Em todas as vezes que aqui voltei.
Tenho amor pelo meu corpo
Que me recebe sempre.
Esteja eu mal ou bem.
(visite: Poemas e Encantos II )
Teia.
Pai ajuda-me a tecer
A trama da minha vida
Com doces fios
Cheios de maravilhas
Por Vós doados eternamente
No passado, no futuro, no presente.
Que seja fina a minha trama
Para que quem nela caia não se machuque
E delicie-se com meu mel
Recebido de Ti
Usado por mim.
Pai.
Que eu possa aproveitar
A matéria prima mais louvável
Mais, doce e indispensável.
A vida de qualquer ser
Que une plantas, bichos e homens.
O universo num bailado constante
Teu amor em cada ser.
(visite: Poemas e Encantos II )

Sonhos.
Dos sonhos que tive.
Dos sonhos que realizei.
Dos sonhos que vivi.
Dos sonhos que só sonhei.
Dos sonhos que ultrapassei.
Dos sonhos que esqueci.
Dos sonhos que cumpri.
Dos sonhos que pari.
Dos sonhos que me ressenti.
Dos sonhos que perdi.
Dos sonhos abandonados.
Dos sonhos crucificados.
Dos sonhos alienados.
Dos sonhos realizados.
Dos sonhos beatificados.
Dos sonhos mil que abandonei.
Dos sonhos só um não cedi:
De Ti não desistir.
(visite: Poemas e Encantos II )
A felicidade.
Não mora ao lado.
Nem a minha frente.
Não está no passado.
Nem ausente.
Encontra-se em lugar mais fácil.
Tão fácil que esquecemos.
A felicidade é no agora.
Em todo bem que fazemos.

Dançam.
Dançam a luz e a sombra.
Em meios as nuvens brancas.
Auréolas dos santos.
Os coros dos anjos.
Dançam.
A luz lépida ligeira.
A sombra pesada e passageira.
Dançam juntas em bailado.
E quem as vê fica estupefato.
Mas, dançam.
Dançam felizes.
Como antigas companheiras.
Num baile interminável.
Dançam com beleza inigualável.
Dançam.
A sombra atrás da luz.
Perseguindo-a implacável.
Enquanto a luz nem percebe o perigo abominável.
Até que se volta sorri e abraça a sombra.
Dançam.
Abraçadas sombra e luz.
E esta desfalece.
A sombra envolvida em luz.
Alumia-se e desaparece.(visite: Poemas e Encantos II )
Estarei.
Estarei sempre aqui.
Até quando Deus permitir.
Esperarei-te à janela.
No meu quarto de dormir.
Estarei entre livros e poeira.
Em meio a velas, aromas.
E fumaça.
E meu coração pensará em ti.
E pedirei bênçãos para tua vida.
E proteção para tu e o que é teu.
Falarei bem de ti.
Amarei a ti como irmão.
Até que te vá um dia.
Não sei para onde.
Também não perguntarei.
Continuarei, porém, a fazer o mesmo.
Menos te esperar a janela.
(visite: Poemas e Encantos II )
Tuas mãos.
São expressões da tua alma.
Quando:
Acalentam um bebê.
Afagam o rosto de uma criança.
Constroem para outros usarem.
Escrevem palavras de ânimo.
Dizem adeus para que o outro parta sem culpas.
Enxugam lágrimas de tantas dores.
Limpam o mundo.
Salvam vidas.
Ensinam.
Agitam-se em alegria.
Aplaudem que o merece.
Participam do amor.
Apertam as mãos frias do amigo que se vai para outro plano.
Arriscam-se pelo bem de outro.
Fecham-se para não compactuar com o erro.
Elas falam por ti.
Dizem que sois.
E no fim repousam sobre o teu peito.
Como o protegendo da amargura do adeus.
(visite: Poemas e Encantos II )
Conhecimento.
Ah! Agora me dói o peito
Ver os meus defeitos.
Conhecer meus erros.
Ter-me corrompido os desejos.
Cegado-me as paixões.
Vívido no ócio.
Fugindo da solidão.
Maltratado irmãos.
Nunca sacrificado meu prazer.
Não ter amado e fazer sofrer.
Fugido dos problemas.
Fechado os olhos ao sistema.
Ser devasso.
Intransigente.
Não perdoar.
Ser a todos ausente.
Pensar só em mim.
Como dói agora.
Que me conheço.
E que a todos que me amavam eu deixo.
Mesmo sem ter merecimento.
No padecimento quando lancei meu último suspiro.
(visite: Poemas e Encantos II )

Iluminando.
Quem me dera ser o Sol
Para iluminar os planetas
A Terra azul de oceanos e mares
Fazer crescer a grama e o carvalho
Banhar o ar purificá-lo.
Derramar luz sobre os homens.
Mas, reconheço, não estou pronta para esse trabalho.
Então, quem sabe ser a Lua.
Volitando no mar das estrelas
Sendo visitada por anjos e cometas
Inspirando os poetas e poetisas
Abrilhantado as noites dos enamorados.
Mas, reconheço, não estou pronta para esse trabalho.
Talvez, uma estrela a piscar no espaço.
Rodeada de irmãs alumiando o céu noturno
Trazendo sorte a quem me fita
Um astro com luz própria.
Mas, reconheço, não estou pronta para esse trabalho.
Poderia, quem sabe, ser fogos de artifícios.
Em grandes festas
Em tempo de júbilo
Quando a paz faz folia
E só traz a humanidade alegria.
Mas, reconheço, não estou pronta para esse trabalho.
Contudo, ainda me esmerando, poderia ser uma vela.
Num casebre pequeno e imundo
Iluminado os parcos recursos
De algum irmão da sociedade deserdado
Mas, reconheço, não estou pronta para esse trabalho.
Resta-me ser a faísca do fósforo
Que pelo menos por alguns instantes
Ilumina um canto
E nesse instante para meu espanto
Serei uma faísca divina.
(visite: Poemas e Encantos II )
Canção da natureza.
O vento que assobia.
A ventania que uiva.
O cão que ladra.
O gato que ronrona.
A água que escorre.
A chuva que caí.
A grama que cresce.
A flor que desabrocha.
O pássaro que canta.
A baleia que canta.
A terra que se move.
As pedras que rolam nas estradas.
O andar das nuvens.
Os trovões e relâmpagos.
O inseto que voa.
O réptil que rasteja.
As asas da borboleta a baterem.
A lagarta a roer a folha.
O silêncio só existe para o homem.
Para que ele possa ouvir a Deus.
(visite: Poemas e Encantos II )

Honra e dignidade.
Não há honra em manter-se a palavra.
Quando essa é juramento de vingança.
Não há dignidade em seguir com promessas.
Quando já não convém a maioria.
Não há honra em seguir velhos conceitos.
Quando esses ferem direitos humanos.
Não há dignidade em dizer a verdade.
Quando ela é pueril e só machuca quem a escuta.
Não há honra em considerações a nomes e tradições.
Quando eles escondem o lamaçal de corrupção e futilidades.
Não há dignidade em bradar erros alheios.
Quando o brado não retirar o ser dos trilhos da esquerda.
Não há honra em se manter estático nos valores.
Quando não produzem mais crescimento.
Não há honra em se postar como dono da verdade.
Quando a verdade humana é relativa.
(visite: Poemas e Encantos II )
Pássaros.
A janela abre para fora.
Incomum janela.
Que abre para fora.
Abre para fora.
Convidando-os a entrarem.
Com seus cantos e cores.
Seus pios de amores.
Seus gorjeios.
Seus vôos.
Seus gracejos.
Que entrem os pequenos seres.
E façam uma cantoria.
Que encha esse quarto.
Essa casa de alegria.
Com seus cantos e magia.
(visite: Poemas e Encantos II )
Canto.
Canto as minhas dores.
As tuas.
As deles.
Canto os desencantos.
Meu.
Teus.
Deles.
Canto a tristeza.
Minha.
Tua.
Deles.
Canto a solidão.
Minha.
Tua.
Deles.
Canto que vai ao coração.
Meu.
Teu.
Deles.
Canto e me espanto.
Por mim.
Por tu.
Por eles.
Canto e continuo, pois:
Em mim.
Em ti.
Neles.
Encontro esperanças.
Assim, preciso continua meu canto.
Levando essa luz a cada canto.
Cantos esquecidos de encantos.
(visite: Poemas e Encantos II )