domingo, 15 de agosto de 2010

Plenitude


De onde vens? Para aonde vai?

Vejo em teu rosto tantas marcas.

Que sorriso é esse que impera eterno em teu rosto?

Pois, se te vejo em condições tão miseráveis.

Não tens segue um calçado.

Tua roupa é rota.

Teus cabelos desgrenhados.

Tuas unhas escuras de terra.

De onde vens? Para onde vais?

Possivelmente hoje ou quem sabe até ontem não comestes.

O que te faz tão feliz?

Por que sorris?

Se não tem uma casa para voltar.

Um lar.

Uma cama para descansar o corpo.

Que venturas viveste nessa terra.

Que alegria tantas tivesse.

Que mesmo na decadência sorris?

Qual boa ventura te abraçou a mocidade.

Que ainda te preenche o coração.

Quantos amores.

Quantos amigos te fizeram a vida cheia de venturas.

Quanta riqueza tivesse nas mãos.

E teu corpo foi revestido de seda ou linho.

É isso que te traz o riso no rosto?

As lembranças?

Mesmo quando hoje já não tens mais nada.

Ou tens algo que nos esconde?

Talvez uma alma saciada pela vida.

E que entregue os sonhos a Deus esteja plena

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sons.

São sons de harpas.

Vozes de anjos.

Cantos incompreensíveis.

Que espantam e encantam.

Às vezes são sons outras vezes luzes.

Nessa hora cala meu coração.

Cala minha alma.

Ouvem só o que eles dizem e tocam.

Mesmo que nada entenda.

O divino é incompreensível para minha pobre alma.

Mas ela se fortalece como banhada numa cachoeira de amor puro.

E cada fibra do meu ser se afina, se sutiliza, se enfeita de luz inexplicavelmente etérea.

O corpo ainda continua aqui.

Mas, o pensamento, o espírito, revoou para distâncias sem medida.

Meus olhos interiores vêem o universo.

As estrelas, os planeta, as nebulosas.

Coisa que nem sei que são.

E se preenche de paz e gratidão pelo espetáculo da criação.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sabe quando?

Sabe quando te olham de lado e você sente que não é bem vindo.

Sabe quando a conversa pára a sua entrada no recinto.

Sabe quando você se sente sozinho.

Sabe quando você não é convidado ao almoço festivo.

Ao aniversário do neto do gerente.

Ao cinema com seus amigos ou clientes.

Sabe como é se sentir rejeitado.

E por ninguém parecer amado.

E se sentir desesperado.

E ter vontade de sumir, se enfiar num buraco.

Sabe quando o sorriso já não faz parte do seu rosto.

E seu olhar é de zanga e desgosto.

Sabe quando já não é importante a roupa que veste.

Ou se o cabelo cresceu demais.

E os dentes amarelaram por descuido.

Sabe quando você já nem parece gente.

E se esgueira feita sombra nos lugares.

E parece invisível a todos.

Sabe quando isso começa a acontecer.

Quando você se fecha para a vida.

Endurece o coração.

Nunca tem uma palavra amiga.

Nunca estende a mão.

Não fala de coisa sã.

E vive a amargura em seu coração.

Não tem esperança nem para você nem para o irmão.

Esqueceu a alegria da vida.

Das coisas pequeninas.

De parar e ver a Lua.

E sorrir para um estranho.

E melhor sorrir para si mesmo.

Perdoando os seus próprios erros.

E se amando com desvelo.

Para poder amar o outro com amor verdadeiro

domingo, 8 de agosto de 2010

Poema simples.


Eu quero um poema simples.



Que fale do nascer do Sol.



Das nuvens num céu azul.



Dos pássaros que saúdam a manhã.



Quero um poema simples.



Que fale do meu amor pelas plantas.



Da calma que o verde trás.



Dos perfumes das rosas no jardim.



Quero um poema simples.



Que descreva o aroma doce do café.



O cheiro do pão novo.



O barulho da água na chaleira.



Quero um poema simples.



Sem grandes desejos de glória.



Mas, apenas dizer que hoje acordei.



Que estou viva.



E tenho uma porção de pequenas coisas a realizar.



Para participar da orquestra da vida.


sábado, 7 de agosto de 2010

Não falo, não vejo, não ouço...


Fecho a boca para não falar do que quer que seja que não traga o bem, o bom o belo.

Rejeito abrir minha boca para citar defeitos alheios.

Nego relatar qualquer fato inverídico.

Oponho-me a criticar quem quer que seja.

Não permito que da minha boca saiam palavras agressivas.

Não me presto a emprestar minha voz a interesses escusos.

Fecho os olhos para não ver e não participar do mal.

Recuso-me a olhar o que corrompe.

Nego a estender meu olhar para os que querem demonstrar sua empáfia.

Oponho meu olhar a vulgaridade.

Não crio imagens negativas.

Não me presto a fitar o que aflige a humanidade sem nada fazer.

Fecho os meus ouvidos a toda fofoca.

Rejeito ouvir maledicências.

Nego escutar inverdades.

Oponho-me a prestar ouvido a palavras inúteis e negativas.

Não me permito atentar para palavras baixas.

Não me presto a emprestar meus ouvidos a conversas que me levem ao mal.

Por isso, muitas vezes:

Não falo,

Não vejo,

Não ouço.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cegueira.

Que os anjos me inspirem a falar de felicidade.

Que eles me lembrem as promessas de Nosso Deus.

Que nos prometeu o maná dos céus.

A vida eterna.

A alegria de um céu sem dor ou censura.

Que os anjos ponham em minha boca palavras de doçura.

E que a dor que te aperta o peito se afrouxe.

E vá se embora feliz como pássaro solto da gaiola.

Que descobriu que há muito, a porta estava aberta.

E era só empurrar com o bico e ela se abriria para o céu azul.

Que os anjos nos mostrem a porta aberta.

Para mim e para você.

A saída do problema que nos aflige.

O escape das nossas próprias tramas.

O apego ao nosso próprio sofrimento.

O pagamento das nossas dividas.

O resgate amoroso dos nossos erros.

Pois, não há falta de amor divino.

Existe só nossa cegueira espiritual.


domingo, 1 de agosto de 2010

Em minhas mãos.

Em minhas mãos.

Em minhas mãos encerro meu passado

O que construí com ou sem cuidado,

O que destruí propositadamente,

O que não edifiquei com as minhas mãos, por inércia da mente.

Pedra por pedra, tijolo a tijolo,

Colocados com esmero, apreço, cuidado, orço,

Ou lamentavelmente jogados, lançados, descuidados,

Sem meta, objetivo, plano.

Só ao vento, ao destino, a sorte,

Esses hoje são peças de tropeços, deslizes, falhas.

Mas, ainda tenho mãos...

Que hoje constroem com mais afinco.

Com consciência, sem demência.

Em busca de uma melhor edificação

Para amparar a volta de minha alma,

Em outra vida,

Outra estação.