segunda-feira, 25 de julho de 2011

Alegria


Quem sabe a vida traga um dia deste

A alegria que perdi em algum lugar.

Um lugar triste com certeza.

Que lá ela ficou para alegrar.

Quem sabe me lembro onde a deixei.

Minha alegria pura e genuína.

Que tirava dos rostos sóbrios sorrisos.

E encantava todos meninos e meninas.

Quem sabe procurando com cuidado,

Encontro num lugar que nem espero.

Minha alegria, minha pura alma.

Sentada ao meio fio a minha espera.

Enquanto isso peço a que quem ache

Uma alma bela em sorriso.

Avise-me, rapidinho, rapidinho.

Pois, foi minha alegria embora.

E hoje só choro, nada de risos.

sábado, 23 de julho de 2011

Esperas por mim.


Sentava-me na areia para ouvir sua pregação.

Horas e horas pareciam segundos.

Com tua voz de veludo encantava os meus ouvidos.

Teu olhar parecia dirigido a todos e a cada um.

Podia senti-los perscrutando minha alma.

E sorrindo dos meus pequenos pecados.

Alegrava-me tua visita a nossa aldeia.

Tantos te seguiam os passos.

Que não vacilavam.

Que nunca vacilaram.

Perto de Ti devia anjos ter.

Pois, a paisagem se transformava preenchendo-se de mais vida.

O vento trazia perfumes desconhecidos.

E tudo ficava mais leve.

Até as nossas vidas.

Falavas de amor como Tu fosses o próprio.

E assim eu ti sentia.

Puro amor divino.

Caminharia contigo tantas léguas fosse possível.

Mas, Tu se foste.

Para onde eu não posso ir.

Pois, preciso abandonar tantas coisas antes de estar preparada.

Tantas vidas a serem repassadas.

Mas, sei Senhor.

Que com aquele mesmo sorriso, com o olhar amoroso.

Esperas por mim.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Recomeçar




Já não era possível carregar tanta dor comigo.

Todos tinham ido.

Estava só.

Ficaram comigo até o último centavo.

Findo esse. Comigo findaram.

Arrebataram minha casa, meus móveis, meu lar ancestral.

As fazendas, os bois, os cavalos vendidos em leilão.

O banco feito uma fera tresloucada de fome.

Não se saciou.

E nem as jóias da minha amada mãe dele escapou.

Perdi tudo.

Nada tenho.

Os amigos fogem de mim.

Como se algo fosse eu lhes pedir.

Resta-me o fim.

O rio frio.

A morte.

Atiro-me.

A água gelada faz doer meu corpo.

Ouço ao longe a voz desesperada da minha mãe morta.

Não! Filho!

Uma mão se estende em meu salvamento.

Quando da agonia da morte.

Agarro-a e me salvo.

Acordo sem ninguém.

Não há, mas, houve socorro.

Elevo os olhos para céu.

Agradeço a Deus.

E vou recomeçar a vida de novo.

Tenho medo.


Tenho medo...

Da velhice que já chega.

Devagar a minha porta.

Que endurece minhas juntas.

Enruga o meu rosto.

Fragiliza os meus órgãos.

Diminui o que ouço.

Tenho medo...

De não ser mais compreendida.

De me tornar um peso para outros.

De ser uma pedra a se carregar.

Tenho medo...

De não mais conhecer meus filhos.

Esquecer meus netos.

E vaguear pela mente em branco.

Tenho medo Pai...

De esquecer que te amo.

Que te desejo profundamente.

Que sem Ti minha vida será indiferente ao existir ou não existir.

Tenho medo Pai...

De não saber que estás comigo.

De não lembrar do teu amor.

E passar anos e anos lançada ao leito em dor.

Quando podia está junto ao Senhor.

Apieda-te dessa tua filha.

E antes que a velhice me alquebre.

Retira-me dessa vida.

Com tua mão bondosa e amiga.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sem medo.


Sem medo.

Que música te acalenta a dor?

Nenhuma meu Senhor.

Que sonho andas sonhando?

Nada que possas me ofertar.

Que desejas enfim?

Meu amor. Meu par.

E onde ele andará?

No reino da morte está.

Então não o encontrarás!

Engana-te. É só esperar.

Como assim menina moça?

Quando o tempo passar.

Há minha hora chegar.

A foice da morte abater-me.

Do outro lado do véu ele estará.

Esperando-me. Como estou a espera cá.

Então, tu não me temes?

Sendo tu a morte não.

Daí-me então a tua mão.

E seguiremos para o meu reino.

Findando tua solidão.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Nada há!



Nada há em ti que se abomine.

Nada que se culpe.

Nenhum tormento.

Nenhum erro.

Nenhum pecado.

Nenhum esquecimento.

Nada há em ti que te macule.

Nada que não seja puro.

Nada que não seja honesto.

Nada que não seja justo.

Nada há em ti que não seja poderoso.

Nada que não seja forte e altivo.

Nada que não seja majestoso.

Nada há em ti que não seja divino.

Nada que não seja maravilhoso.

Nada que não seja ditoso.

Nada há em ti que não comova.

Nada há que não nos toque.

Nada há que não nos faça repensar nossa vida.

Nenhuma palavra ferina.

Nenhum ensinamento vil.

Nenhum fingimento.

Só amor.

Amor puro em todos os momentos.

Sem distinção ou preconceito.

Só perdão e proteção.

Em Ti,

Mestre Jesus.

sábado, 16 de julho de 2011

Venha me visitar


Venha me visitar.

Minha casa é ali na esquina.

Minha janela dá para o mar.

E a porta da cozinha para os montes.

Tenho gatos nos muros.

E um cão muito amigável.

Sirvo-te bolo com chá.

Falaremos sobre qualquer assunto.

Riremos das nossas tolices.

Levantaremos do tempo lembranças.

Ainda tenho o jogo de café que me presenteasses.

Minha casa é limpa, muito limpa.

Simples como os dias a rolar.

Mas, por favor, venha me visitar.

Minha solidão é grande.

Minha tristeza maior ainda.

A angústia me sufoca.

A melancolia é minha companheira.

Minha única companhia.

São os olhos de Maria.

Que em sua pintura na sala.

Segue-me constantemente.

Como quem diz:

Estou sempre aqui.

Minha amiga.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A quem importa?

Quem realmente se importa?

Se um dia eu sumir.

Sem deixar rastros.

Sem deixar notícias.

Sem deixar pistas.

Sem deixar pegadas.

Sem deixar saudades.

Sem deixar amigos.

Sem deixar sonhos feitos.

Sem deixar filhos ou marido.

Quem realmente se importa?

Se um dia eu sumir.

E não aparecer jamais.

Desaparecida, abduzida, seqüestrada.

Sem deixar marcas.

Sem deixar dúvidas.

Eu que não plantei nada.

Que não criei nada.

Eu que não amei nada.

Nem tão pouco fui amada.

Quem realmente se importa?

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Pontos de vistas.


Pontos de vistas.

Quem anuncia a vida

Anuncia a morte.

O sino da igreja que toca pro batismo.

Toca para o velório.

Muitos pés que vieram comemorar a chegada.

Estarão presentes na partida.

Olhos que sorriram no batizado.

Choram no enterro.

O pequeno corpo saudável e vivo da primeira festa.

Inerte e frio na despedida.

O amor substituído pela saudade.

A felicidade pela dor.

Os sonhos pela realidade.

O júbilo pela intranqüilidade.

Os planos pelo desconhecido.

O começo por um novo reinício.

Que não vemos.

Como um barco que do porto parte.

E dobra a linha do horizonte.

Onde desaparece para nós.

E reaparece para outros.