sábado, 11 de agosto de 2007

Despedida.



Na cama, estendido ele dorme.

Olho para cada parte sua.

Os cabelos esbranquiçados pelo tempo.

As pálpebras caídas.

Por baixo delas olhos que já não têm tanto brilho.

Já não têm tanta luz seus cristalinos.

Ao lado dos lábios as cicatrizes dos sorrisos.

Afinados pelo uso constante.

Faltam-lhe alguns dentes.

Outros estão desgastados pelo uso.

A face não tem mais o rosado da infância.

E as carnes se depõem flácidas sobre os ossos.

Na testa, mil caminhos que se estendem aos olhos.

São as rugas de milhões de expressões durante a vida.

A musculatura frouxa encobre a sua ossatura.

Não existe mais firmeza e delineamento.

Os órgãos também não se prestam à precisão.

Falham e funcionam lentamente.

Viveu comigo por toda minha vida.

Compartilhou minhas vitórias, minhas alegrias.

Minhas perdas e derrotas.

Sempre estava lá.

Quando voltava das minhas saídas noturnas.

Acompanhado pelos parceiros e guias.

Agora espero seu último suspiro.

As máquinas já foram desligadas.

O coração quase que não atende mais o seu propósito.

Os companheiros de outras jornadas esperam comigo.

Falta pouco...

Em um instante ele estremece.

O último fio que nos liga é cortado.

Chego próximo.

Dou-lhe o último ósculo.

Agradeço por ter sido a minha morada por longos anos.

Por ter suportado meus excessos.

Abraço meu guia e partimos.

Findou mais uma vida na Terra.

Inicia-se nova jornada no mundo da alma.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Bem vindo.


Seja bem vindo.

Eu só a vida e tenho muito a ofertar.

A alegria da chegada.

O amor de quem o gerou.

Um corpo jovem, sadio e belo.

Os brinquedos.

Os aniversários.

Todas as coisas para experimentar.

A primeira paixão.

O primeiro amor.

As batalhas vencidas.

As vitórias e a glória.

Seja bem vindo.

Eu só a vida e tenho muito a ofertar.

O trabalho árduo que fortalece os músculos.

Os problemas diários que desenvolvem a inteligência.

As dores do corpo que criam hábitos salutares.

Os sofrimentos morais que estabelecem comportamentos éticos.

A procriação que gera responsabilidades.

A luta pelo bem estar que produz o bem comum.

As doenças que desenvolvem a paciência para as dores.

Os aborrecimentos que formam um espírito critico.

Enfim, a vida que amadurece a alma.



quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Divisão.


No silêncio da noite, na escuridão do meu quarto.
Reflito no meu dia.
Revejo o que fiz e o que faço.

Saltam-me aos olhos minhas ações.
Impensadas e corriqueiras que como ácido ferem.
Aos que estão próximos da minha fala ferina.

Meus atos não correspondem aos meus desejos.
Não consigo ajudar como poderia.
Ou mesmo como deveria.

Minhas mãos estancam por medo.
E minhas palavras param ao meio.
Pelo receio da incompreensão.

E nessa escuridão enquanto dorme o companheiro.
Lagrimas rolam livres pelo meu rosto.
Sinto a dor de ser o que não quero e minha alma protesta.

Fecho os olhos e busco em mim a porta que me leva a Ti.
Peço ajuda aos que já foram em formas iluminadas.
Para que me ajudem nessa estada, nessa vida.

E que possa sem demora, atender minha alma que clama.
E fazer o bem sem receio, sem ficar dividida ao meio.
Sem gentil, amável, justa e caridosa.

E sem medo, vergonha ou qualquer outro fato.
Poder seguir simplesmente com meus atos.
O que me ensinou Jesus mestre o amado.

Verdadeiro amor.


Alma gêmea como te amei.

Em teu leito delirei o amor humano.

Em teus braços conheci o gozo do amor mundano.

Passeei nas estrelas em lábios teu.

Gerei em meu ventre tuas sementes.

Morreria por ti...

Alma gêmea como te amei...

Tinha a certeza do nosso encontro.

Vivenciei cada minuto como sendo último.

Tu eras a minha dádiva de amor.

Eras a minha vida, o Sol, o calor.

Alma gêmea como te amei...

Busquei em ti tudo que me fazia falta.

Tuas palavras eram bálsamo para minhas dores.

Teus olhares meus amores.

Em ti me completei.

Alma gêmea como te amei...

Acreditava que eras minha parte que faltava.

Que tínhamos sido amantes, amigos, irmãos em vidas outras.

E que nos reencontrado agora seriamos inseparáveis.

Alma gêmea como te amei...

E te encontro hoje em outros braços.

E são teus olhos para outro ser.

E teu amor já não acompanha meus passos.

E estou só.

Alma gêmea como te amei...

E hoje me encontro frente a verdade.

Que o amor humano é passageiro.

Só o amor divino é perpetuo, é inteiro.

Volto aos braços de quem sempre me amou.

Que me aceita como sou.

Que jamais me abandonou.

O Pai celeste de infinito amor.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Entendimento.

Falta-me entendimento perante o que acontece.
Quanto mais me esforço para me tornar do bem.
Mais, coisas negativas ocorrem.

Se tento praticar a humildade.
Tacha-me de querer ser ninguém.
E quem se baixa os fundilhos aparece e quem ver não agradece.

Se busco ser amável e condizer.
Imputam-me a fama de ser Maria vai com as outras.
De me anular para os outros.

Quando falo amorosamente.
Sou criticada pela minha falta de coragem.
De enfrentar quem me ofende.

Procurando me tornar mais acessível.
As pessoas aproveitam para tirar de mim o que podem.
E o que não posso ainda dar.

Vivo então entre a cruz e a caldeirinha.
Uma verdadeira roda viva de sentimentos.
Contraditórios e inquietantes.

Que faço?
Refugio-me nos braços do Mestre de Luz.
Que me ensinou onde a bondade conduz.

E se sofro todo o dia.
À noite quando posso depois da batalha diária.
Rogo sua presença e sinto o seu aconchego.

Que me colhe em seu peito.
Enxuga-me as lágrimas.
E me faz adormecer.

A espera.






































_ Ele chegou Rosa?

_ Não dona Ana. Ainda não chegou.

_ Pois, Rosa prepare o jantar do meu filho da maneira que ele gosta.

_ Sim, dona Ana. Do jeito que ele gosta.

Estendeu os olhos para a patroa. Há muito não era a mesma. Suspirou.

_ Tá pronto dona Ana.

_ E meu filho Rosa?

_ Chega um pouco mais tarde dona Ana.

A velha senhora sentou-se à mesa. Com modos finos iniciou a degustação.

_ E meu filho Rosa?

Indagou ao terminar o jantar.

_ Hora dona Ana chega daqui a pouco.

_ Vou me recolher Rosa. Quando meu filho chegar mande-o ao meu quarto.

Ao passar pela sala parou frente ao retrato de um belo jovem. Olhou-o com profundo carinho. Por um instante seu semblante anuviou-se e seguiu para seu quarto. Na casa reinava o silêncio. A velha senhora dormitava quando ouviu o ranger da porta do cômodo.

_ Meu filho?

Seus lábios se abriram em um sorriso, seu olhar se iluminou.

_ Mãe cheguei.

_ Que bom querido!

_ Mãe vamos?

_ Para onde meu bem?

_ Onde estou.

Segurando-a levemente pela cintura dirigiu-a para fora da casa. Penetrando num belo e maravilhoso jardim.

_ Dona Ana...

Rosa entrou no quarto. Olhou-a fixamente. A velha senhora estampava um sorriso sereno nos lábios. Uma lágrima rolou dos olhos da velha empregada. Finalmente havia terminado o sofrimento, a espera por vinte anos, de um filho que morto, nunca poderia retornar ao lar. Retirou-se do aposento e dirigiu-se ao telefone.

_ Dr. Luiz?

_ Sim.

_ È a Rosa. Dona Ana morreu.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Desabafo de um capeta.







Chamam-me de Asmodeus quando sentem o corpo em brasa e se torturam pelo sexo.

Chama-me de Abramalech quando avarentos se prendem as suas riquezas e as entocam ao invés de usá-las.

Chamam-me de Astaroth quando se contorcem de inveja por aquilo que os outros são ou têm.

Chamam-me de Belial quando contrariados explodem em ira e machucam outras pessoas.

Chamam-me Baalberith quando com gula insaciável comem sem parar e transformam seus corpos em depósito de gordura não sã.

Chama-me Lilith quando vestem o manto da vaidade e tudo fazem para manter uma falsa beleza eterna.

Chamam-me Pazuzu quando tomados pela preguiça nada fazem e se tornam parasitas imprestáveis.

Chamam-me Arimane quando se dão aos prazeres fúteis e se afastam de tudo o que é bom. Caindo em trevas.

Chamam-me espírito trevoso quando cometem o mal e não concebem porque o fizeram.

Chamam-me de mil nomes, imputam-me mil defeitos, culpam-me de todo o mal. Dessa forma escondem. Que o mal que os consomem são crias de seus corações das suas almas em trevas, dos seus pendores negativos do seu egoísmo sem fim.

Mais fácil acusar o Demo. O capeta, o capiroto, o tinhoso, o sete peles, o chifrudo, o coisa ruim. Do que assumi enfim as suas culpas sem mim.

Sendo assim, levo minha vida. Anjo caído, espirito trevoso. Deixando aqui um alerta: Nem tudo de ruim que acontece. É coisa do cramulhão!

Assumam suas culpas e erros. Não me acusem de tudo não!




Como não amar?


Tuas doces palavras que me guiam.

Tuas mãos que me mantém.

Tua vida de bons exemplos.

Teu olhar que adoça meu coração.


Como não amar?

Teus pés que caminharam em suplício.

Tua voz que por tantos clamou perdão.

Teu sacrifício que transformou almas.


Como não te amar?

Quando eras amor em vida.

Quando mostrastes o caminho.

Quando criastes esperanças.

Quando curastes tantas chagas.


Como não te amar?

Se és amigo fiel.

Guardião eterno.

Guia incansável.

Amor infinito.


Como não te amar Jesus.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Julgamento.


Não julgues para não ser julgado.

Não aponte erros alheios com dedos sujos.

Não temos condições de julgar quem quer que seja.

Pois, nos foge a compreensão às razões para esse ou aquele ato.

Que forças levaram determinado ser a tomar essa ou aquela decisão.

Para os que resvalam na vida há a lei humana.

E falhando essa não falha a Lei Divina.

Cada qual pagará pelos seus erros.

E receberão em bênçãos seus acertos.

Dessa forma para que por dedo sobre chagas?

Quando podemos ser lenitivos para o mal que se propaga.

Oremos.

E peçamos que nossa língua não seja espada ferina.

Que condena sem ter a certeza da certeza.

E que ao invés de colocarmos empecilhos para arrependimentos.

Sejamos daqueles que limpam estradas para facilitar a caminhada dos outros.

Em busca do soerguimento.

Alma minha.

Por que partiste alma minha?
Por que me abandonou a sorte?
Que será de mim sem tua sombra?

Em teus braços era o céu.
O ninho acolhedor e manso.
O refúgio seguro e sereno.

Alma minha por que partistes?
Que desamparo me legou.
Que tristeza infinita me assola.

Não sentes minha falta?
Não será que me buscas em outros caminhos?
Não me chamas como te chamo?

Alma minha onde estás?
Busco-te nos cômodos da casa.
Nas minhas lembranças te procuro.

Em que lugar te encontras?
Poderei ir até lá?
Ou me impede a vida?

Não te esqueço alma minha.
E aguardo em dor nosso reencontro.
Em hora escolhida pelo destino.

Estaremos juntas alma irmã?
Estaremos unidas em outra vida?
Não vagaremos por trilhas desoladas?

O que nos une é o amor.
Amor de tantas vidas.
Nada, nada nos separará.

É só uma pausa no tempo.
Um descanso para as dores.
E voltaremos a nos unir como um só ser.