sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Quando erro.




Quando eu erro sofro. Penso que poderia ter feito tudo corretamente perfeitamente, sem falhas, sem atraso. Perfeito!

Sinto um quê de inabilidade, um tanto de fracasso, de falta de tato, pouca intuição. Penso que se tivesse feito isso ou aquilo, dessa ou daquela forma, se tivesse prestado mais atenção, dedicado um pouco mais de tempo, ponderando um pouco mais na questão teria sido mais feliz e não teria feito asneira.

Padeço pelo meu insucesso em completar qualquer tarefa sem ter atingido a meta dos 100%. É uma dor quase infantil daquelas que sentia quando parecia que desagradava meu pai com uma peraltice ou magoava minha mãe querendo me tornar uma pessoa adulta (aos 12 anos).

Expio a dor de não ser perfeita, de cometer desacertos.

Nesses momentos, reconheço a minha inabilidade de ser onisciente, onipotente, onipresente. Percebo a minha pequenez nas minhas falhas. Reconheço a minha prolongada imperfeição.

E nessa carrancuda cara que faço no espelho, brigando comigo mesma, puxando minhas próprias orelhas, quando fixo meus olhos com meu olhar... Reconheço que sou falha. Porém, no entanto, todavia sou maravilhosamente flexível para perdoar-me, aceitar-me, compreender que fiz o melhor que pude e se não o fiz, o farei amanhã ou em outra oportunidade.

Já me bastam as consequências do meu desacerto. Não mereço a mutilação da minha estima, do amor próprio, de dores que não preciso e nem faço jus. Haverá uma forma de reparar o estrago e se não houver como consertar com certeza há formas de conviver ou amenizar a situação. E no fim fica o tirocínio.


Bem amanhã é outro dia. Talvez possivelmente outros erros. E com certeza muitos acertos. Perdoo-me. Sigo. A vida tem muito que ofertar para que eu empaque a cada tropeço e estacionar na eternidade é estultice.  

Mallika Fittipaldi. Autoria.


08.09.2017

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