sexta-feira, 10 de junho de 2011

Vende-se

Vende-se...



Casa de veraneio onde passava as férias de verão com meus filhos.



Onde os vi descobrir o mar.



Caçar tatuis.



Criar castelos de areias.



Fazerem armadilhas na areia.



Correrem atrás de bola.



Terem a primeira visão de um sapo, uma cobra e um louva-deus.



Vende-se o passado.



Que não retorna.



Que não alegra.



Que não embriaga de emoção.



Vendem-se as lembranças de um velho.



Que nem as que vender.



Mas, pressionado pelos filhos adultos.



Forçado pela lei.



Ver seu passado, suas lembranças, as memórias.



Serem dilapidadas pela ganância dos herdeiros.



Mesmo antes de sua morte.



Vende-se meu passado.



Porque...



Aqui, já não há futuro, para esse ancião.

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