
Seja o que és.
Em qualquer situação seja honesto
Mesmo que lhe cause prejuízo.
Doa o que doer tente não machucar
Mesmo que sangre teu coração.
Injuriado tente calar
A verdade será teu aconchego.
Entre os vilões seja bondade
Mesmo tachado de tolo.
Em meio à riqueza não te esqueças dos que necessitam
Mesmo que te digam que estás sendo explorado.
Apesar do que dizem os homens ao teu respeito
Seja o que és
Luz.
Mãos de Deus a socorrer aflitos.

Muitas estradas.
Dentre tantas estradas
Escolhi esta que parecia tão larga.
Vi somente a beleza e o encanto,
O caminho reto,
No chão nenhuma pedra,
No caminho nenhum monte,
Nenhum empecilho.
Tudo admirável,
Tudo adorável,
Tudo amável.
Poucos esforços para trilhar
Meu caminho de vida.
Até que ao terminar
Vieram me perguntar:
Que fizestes?
Que aprendestes?
Que criastes?
Que doasses?
Eu?
Caminhei, passei.
Nada aprendi, não tive dores.
Nada plantei, não precisei.
Nada doei, não vi a quem.
Passei como brisa leve.
Não deixei marcas.
Andei, nessa vida, sobre papel de arroz
Só que não deixei meus rastros.
Voltarei
Em caminhos que:
Crie, aprenda, faça, oferte a outros minha própria vida.
Assim, realmente viverei.

Primavera.
Flores nos campos
Enche os olhos e a alma
Tapete colorido de primavera
De sons de abelhas e besouros
Uma cantoria natural.
Flores nos campos
Aromas diversos que se espalham
Odores de vida
Vida que anuncia a vinda de novas vidas
Flores nos campos
Primavera
Hora de renascer
Os que se foram
Retornando em novo ser
Filhotes, aves e bebês.

Agradeço
A morada
Verde azulada
Um céu de brigadeiro
Mar de espumas
Relva tapete
Areia branca
Vento solto
Sol luminoso
Lua iluminada
Maré cheia
Maré seca
Florestas
Mangues
Savanas
Sítios
Mata atlântica
Flores silvestres
Orquídeas
Pássaros em vôos
Cães que ladram
Gatos que miam
Galos que cantam
Rei das selvas
Baleias gigantes
Focas, elefantes marinhos
Gelo nas montanhas
Fogo nos vulcões
Meu corpo
Que tudo pode apreciar
E infelizmente
Que tudo pode destruir.

Mesmo que
Adotes posturas errôneas,
Prefira a Porta Larga,
Destroce sonhos,
Destrua vidas,
Odeie a muitos,
Nada ame,
Não se importe com a dor alheia,
Passe ao largo dos necessitados,
Não te busque conhecer,
Não tentes melhorar.
Não diga ser meu filho.
Estarei aqui
Por toda a eternidade
Esperando
Pacientemente
Pela tua volta ao lar.

Pedido.
Não me resiste
Peço-te
Aceites meu convite
Ante o tamanho desastre
Tantos desencontros
Não me negues
Observas, para, pensa
Quão grande meu amor por ti
Não me esqueças nos seus dias
Nas suas noites sombrias
Ou em dias de plena euforia
Deixa-me participar de tua vida
De todas as tuas experiências
De todas as suas incongruências
De toda a sua loucura
Não me afaste com teu desencanto
Perante algum empecilho
Deixe-me seguir-te com meus olhos
Para tanto, basta levantar os teus
Para mim
Teu Pai.

Doem em mi tuas feridas
Que foram está ou serão causadas
Feridas abertas e fechadas
Feridas de amor
Feridas de ódio
Feridas ditas inocentes
Feridas inconscientes
Feridas que desabrocham
Feridas que magoam
Feridas que aferroam
Feridas que mal tratam
Feridas que supuram
Feridas que não saram
Dói em mim
Minhas feridas
Porque são também as suas
E como somos unos
Minha ferida, minha pústula, minha gangrena
Fere e ardem plenas
Em nossas almas irmãs.

Perdido
Nas próprias trevas
Trevas da ignorância
Ignorância da Verdade
Verdade que é Tua presença
Presença em cada canto
Canto ao céu, ao canto escuro
Escuro feito a minha alma
Alma que branda por Vós
Vós que sois o Eterno
Eterno amor
Amor universal
Universal bondade
Bondade sem limites
Limites sem fronteiras.
Fronteiras sem inicio ou fim.
Ajuda-me Senhor
A ser
A ser um ser melhor do que ser ontem.
A ser um ser menos animal mais homem.
A ser
A luz na janela, a candeia
A luz que ilumina a escuridão traiçoeira.
A ser
Um poço de águas límpidas
Para saciar a sede do viajor.
A ser
O amigo presente
Substituindo os que, por um motivo, estão ausentes.
A ser
Um trabalhador
Mesmo da última hora
A ser
Um ser que te honra
Sem vergonha, sem disfarces, sem delongas.
A ser
Neste mundo descompassado
Um ser de amor.
Amanheceu.
Pela noite a fora
Tinha ido eu.
Em busca de um não sei que,
De um talvez,
Quem sabe...
De um encontro.
Para matar saudades
Das noites vazias, de boêmia.
Em bairros escuros,
Em mesas postas,
Em bebidas amargas,
Em resultados espinhosos.
Mais uma noite e lá vou eu em busca
De num não sei o que.
Talvez quem saiba encontre
O que nem eu mesmo sei
Para me felicitar.