quarta-feira, 13 de julho de 2011

Passou...


Passou...
  
O Sol que se pôs

Pôs a sombra da noite à vista

Pôs a sombra em minha alma

Escureceu minha vida

Desterrou minha alegria

Apagou minhas boas lembranças.

Atiçou minha tristeza

Levou-me a ser grande

A ser adulta

A ser responsável

A ser presente.

Sempre a posto

Feito um escoteiro

Feito um médico plantonista

Um policial de serviço

Sempre esperando o pior.

O pior...

Em forma de sufocar a criança

O sorriso tolo

A brincadeira inesperada

O canto na rua para si mesmo

O ser simples.

Tornar-me grande

Torna-me adulta

Torna-me intragável

Tornar-me inatingível

Tornar-me controlada

Tornar-me controladora.

Quero ser o que já fui...

Correr sem ter pra quê...

Tomar banho de chuva...

Sentar a beira mar sem medo...

Chorar por chora...

Chorar por mim...

Chora por ti...

Chora pelo mundo...

E depois sorri...

Pois o que é...

É assim.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Onde estão?


 
Onde estão?

Àqueles que saíram há poucos minutos?

Os que foram trabalhar,

Os que se deram às caminhadas,

Mas, principalmente, os filhos que foram à escola.

Onde estão?

Àqueles que voltariam em cinco minutos,

Àqueles que retornariam com o pão,

Àqueles que nunca chegaram da viagem.

Onde estão?

Os maridos que foram comprar cigarros,

As esposas que foram provar as roupas novas,

Mas, principalmente, as crianças.

Onde estão?

Os que se perderam na boca da noite,

No vicio das drogas,

Nos seus próprios pensamentos,

Mas, principalmente, nossas crianças.

Quem segurou suas pequenas mãos?

Quem lhes convidou a palácios?

Quem lhes prometeu alguma coisa boa?

Onde estão todos?

Que sumira,

Que desapareceram,

Que se esconderam aos nossos olhos,

Que se ocultaram,

Que se perderam na vida.

Onde estão todos eles?

Esquecidos de nós?

Tão distantes que não podem voltar?

Presos, amarrados, algemados?

Onde estão nossos maridos?

Nossas mulheres?

Nossos amigos?

Mas, principalmente, onde estão os nossos filhos?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dois anjos.

Dois anjos.

Um anjo dorme.

Junto a outro anjo.

Um anjo despede-se da vida.

Por outro anjo.

Um anjo ensinou ao anjo o amor e a dor.

O anjo não conhecia o sofrimento, o tormento, o desalento.

O pequeno anjo lhe sorria e ensinava.

O grande anjo se encantava da miudeza do anjo.

O pequeno anjo iluminava o grande.

Seu riso enchia-lhe o coração de amor humano.

O grande anjo nunca tinha sentido essa emoção.

Anjos são diferentes dos homens seus irmãos.

Não sentem. Só cumprem missões.

Mas, dessa vez foi diferente e o grande anjo mudou então.

O pequeno anjo conquistou seu coração.

Com amor, brandura, bondade, beleza, elevação.

Desencarnou o pequeno anjo.

O grande anjo deitou-se sobre sua lápide.

Pela primeira vez chorou.

E numa escultura de mármore se transformou.

Sobre a tumba do seu pequeno anjo

Eternamente repousou.


domingo, 10 de julho de 2011

Ouves.


Ouves.

É o que posso oblatar.

Mas, o que tenho quero doar.

Que me servem sapatos e meias...Sem pés.

Calças, saias, bermudas...Sem pernas.

Camisas, camisetas, camisolas...Sem tórax.

Batons, pós, cremes...Sem rosto.

Óculos sem olhos.

Pentes, escovas, chapinhas...Sem cabelos.

Casas...Que não posso habitar.

Carros...Que não posso dirigir.

Cavalos nobres...Que não mais cavalgo.

Família...Que não me ver.

Amigos...Que me esqueceram.

Meus animais de estimação...Únicos que me percebem.

Sentada na cadeira de balanço no terraço.

Tanto tempo passado da minha morte.

Evitam-me.

Ali fico.

Esperando não sei o que.

Já que em nada acreditei.

O que poderia me esperar se não o vazio.

sábado, 9 de julho de 2011

A última pedra.


A última pedra.

Por milhares de anos ele retirou as pedras do Caminho.

Grandes pedras as que estavam no inicio.

Pontiagudas, cortantes, perfurantes.

Largo esforço para movê-las de pouco em pouco.

Até colocá-las as margens do Caminho.

Era a sua tarefa.

Limpar, transformar, retirar o que era considerado um entulho, um empecilho.

Vieram outras pedras.

Longo era o Caminho.

E ainda haveria outras.

Ele continuou.

Com outras pedras.

Com pedras que lhes pareciam tão preciosas.

Brilhantes, jaspe, diamantes.

Mas, todas deveriam ser retiradas do caminho.

Sem exceção.

E muito, muito tempo depois terminou sua tarefa.

Apresentou-se ao seu empregador.

E calmamente relatou o fim da sua jornada.

Então o empregador mostrou-lhe no começo do caminho uma pequena, mísera pedra, que tinha ficado na estrada.

Ele retrucou que a pedra era tão minúscula que não maculava seu trabalho.

Ao que o empregador disse: mas, era aquela pedra, chamada perfeição, que seria o ponto final da tua evolução. Volta e retoma a tua luta pelo que ela representa...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Alma gêmea.


Alma gêmea.

São todas letras para você


Que te esperei e persisto.


E ainda esperarei enquanto existo

Que seja pela eternidade adentro

Que seja pelo mundo afora

Que a busca seja inútil e infrutífera

Que gaste nela todas as minhas horas.

Estarei a ti buscar de toda forma

Sem te esquecer em nenhuma hora.

Cingir tua vida a minha vida

Tua luz a minha luz

Tua alma a minha alma

E pela senda eterna

Que o Cosmo nos conduz

Sermos par

Inseparáveis de seres de luz.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Dançarina divina.



Danças entre as estrelas musa de Deus.

Sacode teus cabelos e crias as vias lácteas.

Leite de Deus derramado pela vida e para vida.

Musa de todos os dons da divina presença.

Que espalha Tua Luz no Universo incriado.

E expande com tua respiração a criação de todos os seres.

Dança musa da mente Divina.

Expelindo o som que cria a tudo e a todos.

Todos os anjos e devas te saúdam em um só coro.

Tu que representa a parte mãe da vida.

O complemento do que é completo e insondável.

Que não é compreendido, mas, amado.

Que não se vê, mas, que se sabe existir em tudo.

Tu danças e alegras o coração do Divino.

Danças como dança todos os seres da vida.

Em sua honra e glória.

Danças eternamente força criativa.

Como eterno Ele é.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Quantos poemas


Quantos poemas...

Quantos poemas ainda sairão dos meus dedos.
Quantas rimas, de pé quebrado, construirei nessas horas matinais.
Quantos amigos me ajudarão a compor simples poemas de amor ou gratidão.
De tristeza e solidão. De alegria e felicidade. De dor e saudade.
Cada um vem com sua contribuição.
E sopram aos meus ouvidos.
Ou falam ao meu coração.
Dos sentimentos que vivem ou viveram.
Das dores que sofreram.
Do que eles aprenderam.
Do que gostariam de não terem feito.
Dos planos grandiosos que esqueceram.
Das trevas em que se meteram.
E eu os ouço como a mim mesma.
Somos iguais.
Sombras andarilhas.
Em planetas que por caridade nos recebe.
Por amor ao Grande Espírito Celeste.
E nos abraça como filhos.

Quantos poemas ainda sairão dos meus dedos?
Não sei. Talvez mais algumas centenas.
Que sabe cheguem a mil.
Mas, não serão só meus.
Neles estarão outros que compartilham comigo a vida.
Suas alegrias e mazelas.
E que depois de partirem dessa Terra.
Ainda se importam com ela.
E trazem suas palavras como consolo.
Como aviso aos tolos.
De que o mal não convém.
Só o bem nos faz como almas.
Chegar à perfeição possível.
A felicidade dos espíritos puros.

sábado, 2 de julho de 2011

Por todas as pedras.

 

Obrigado Senhor pelincompreensão.

Que me faz entender os propósitos dos meus irmãos.

Obrigado Senhor pela insatisfação.
Que fortalece meu afinco para atender minhas necessidades.

Obrigado Senhor pelos problemas.
Que me obrigam a raciocinar para resolvê-los.

Obrigado Senhor pelo cônjuge impaciente.
Que desenvolver a minha calma.

Obrigado Senhor pelo dinheiro curto.
Que me leva a ser menos consumista.

Obrigado Senhor pelas dificuldades.
Que me levam a construir pontes e estradas e criar caminhos novos.

Obrigado Senhor pela tristeza.
Que me leva a busca alegria.

Obrigado Senhor pelo cansaço.
Que me obriga a parar e ver a beleza da tua criação.

Obrigado Senhor pelo irmão de difícil convivência.
Que me ensina a ser cada vez mais amorosa.

Obrigado Senhor pelo trabalho árduo.
Que me faz valoriza o ócio criativo.

Obrigado Senhor pela insônia.
Que me leva a ler bons livros.

Obrigado Senhor pela amiga que sempre me procura.
Por me fazer sentir necessária.

Obrigado Senhor por todas as pedras no caminho.
Que foram minhas mestras em me tornaram mais humana.