quarta-feira, 20 de abril de 2011

Criança interior.

Criança interior.



Onde está você?



Onde se escondeu?



Que brincadeira é essa que demora tanto tempo.



Só te vejo a sombra.



A sombra do que foste.



Somente sinto o farfalha do teu vestido de rosas.



E teu perfume de criança.



Ouço tua risada, mas, não sei de onde vem.



Teus passos parecem estão atrás de mim.



Porém, quando me volto não te vejo.



Quero ver teu cabelo de graúna.



Tua pele branca rosada de Sol.



Tuas cantorias tolas.



Tua voz fina e irritante.



Tuas milhares de perguntas.



Que na verdade não se incomodavam com as respostas.



Bastando um sim ou um não.



Guardei suas bonecas, seus brinquedos.



Esperando que um dia voltes.



E fico olhando para suas bruxas de pano enigmáticas.



Teus cadernos de desenhos estão na gaveta.



E alguns lápis coloridos resistiram aos anos.



Onde está minha criança.



Que desde que entrasses no labirinto da minha alma.



Procuro-te.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Minha criança

Que fazes minha criança?

Presa nesse lodo.

Algemada ao teu ódio.

Amarrada ao teu medo.

Emaranhada nas tuas vis criações.



Que fazes minha criança?

Não foste criada para lama.

Nem para o ódio que consome a alma.

Nem para o medo que estanca a aventura da vida.

Nem tão pouco para criares sombras e lamentos.



Que fazes minha criança?

Sacode o julgo do teu egoísmo.

Quebra as algemas que te prende aos desafetos.

Avança pelos caminhos.

Imaginas uma vida melhor.



Crias uma realidade que condiz com tua condição.

Como ser criado a imagem divina.

Como filho da Luz.

Como Luz.



Donde estás pode ser difícil.

Mas, também foi difícil tua descida.

A mesma força que usasse para cair em degredo.

Usa-a para atingir o cimo do amor

domingo, 17 de abril de 2011

Mãe.

Mãe



Senta aqui comigo minha criança.

Fala-me de como foi teu dia.

Deixa-me afagar teus cabelos.

E tuas mãos tocar te preenchendo de alegria.



Cheguei.

E tua solidão diminui.

Abraço-te com muito carinho.

E te estalo nas bochechas um beijo demorado.



Deito na tua cama.

Ou encosto minha cabeça ao teu leito.

Ouço todas as tuas reclamações.

Quase sempre as mesmas de ontem, anteontem, transontonte.



E as ouço como se fossem novidades.

Com paciência de quem sabe que assim é e será.

Às vezes cansadas vagueio e me vejo em apertos a te responder o que não ouvi.

Mas, a maioria das vezes nem notas estás, ocupadas em falar o que não pôde durante o dia.



Conta-me da tua infância longínqua.

Dos teus pais, avós e irmãs.

E parece que os conheço com seus defeitos e sabedoria.

E eles fazem partem da minha vida.



Banho-te.

Visto-te.

Ponho-te na cama.

Ainda fico um pouco contigo.

E somente quanto os meus olhos fatigados pelo cansaço.

Percebes que estou a dormir em pé.

Abençoas-me e me deixas ir.

E te digo:

Benção Mãe!

sábado, 16 de abril de 2011

Carregue-me.


Magistral noite de luzes em céu negro ou azul escuro.



Brilhos mil pequeninos olhos que ver a todos.



Testemunhas de todo bem ou mal que cá se faz.



E tremulas de horror ou prazer aprender com a humanidade.



O que fazer ou não fazer.



Brilham ao longe sem se imiscuírem.



Na nossa luta daninha e insignificante para elas.



Que já conquistaram o corpo de luz magnificente.



E quase que eternamente estarão livres no universo.



Há! Senhoras e senhoritas.



Que só à noite podemos perceber suas visitas.



Há! Senhoras magníficas.



Carregue-me em um só raio que seja.



Para que eu possa fugir dessa terra combalida.



Pelo mal que impera.



Pela dor que degenera.



Pela solidão que massacra.



Pela guerra que destrói.



Pela criança que mata.



Por toda a população aniquilada.



Pela falta de amor.



Carregue-me em nome do Senhor.



A esse céu azul negro escuro.



Imenso palco de ventura.



Onde o silêncio impera absurdo.



E não há gritos de horror.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Espero-te.


Seja quando for um dia chegarás.



E trarás nos olhos doce a esperanças do melhorar.



Em cada olhar uma consolação.



Em cada sorriso a confirmação do fim.



De tanto ódio, temor e ira.



E de tuas mãos amor, puro amor, brotará.



Curando novos enfermos.



Dando visão aos cegos.



Andar aos coxos.



Amor aos desiludidos.



Perdão aos culpados.



Alegria aos entristecidos.



Sonhos aos desvalidos.



Tesouros aos pobres.



Humildade aos ricos.



Risos as crianças.



Lágrimas de alegria as mães já sem esperanças.



Caminhos retos.



Corações limpos de detritos.



E estarás conosco de novo.



Em cada um dos nossos atos.



Em cada uma das nossas palavras.



Em cada pensamento.



Será enfim teu reino aqui.



Enquanto isso...



Planto um broto de amor.



Um sorriso de carinho.



Um pouco de ajuda.



Um tanto de respeito.



Um bocadinho de alegria.



Um abraço apertado num amigo.



O pão ao mendigo.



Espero-te Jesus.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Faça.



Fazer alguma coisa.



É o primeiro passo para em teu próprio beneficio.



Se sentes a solidão busca companhia.



Não conheces a ninguém?



Engaje-se num projeto social.



Conhecerá pessoas.



Ajudarás tantas outras.



Tornará-se útil.



Foram-te os filhos em busca da vida própria.



Torna-te amigo de uma escola.



Conta história para criançada.



Crias brincadeiras nas horas dos intervalos.



Toma conta dos teus netos.



Tens medo do mundo.



Saí só pela manhã ou à tarde.



Participa de qualquer grupo de atividade física.



Não gostas de sair.



Lê um bom livro.



Vai ao teu templo religioso.



Bordas enxovais para crianças carentes.



Fazes fraldas.



Quem sabe entras num grupo de dança de salão.



Já não te auxilia o corpo.



Escreves poesias, tuas lembranças, fazes amizades pela rede.



Está prostrada a uma cama, sem movimento, com dores, sem enxergares.



Ora a Deus para ele te dá o consolo, findar teu sofrimento, tens fé.



Sempre a algo a se fazer...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Só anjos.

Só anjos, anjos de cores nunca por mim vistas.



Só anjos e luz preenchiam minha vista.



Anjos sorridentes, cantadores, artistas.



Anjos dos ventos, das calmarias.



Anjos das montanhas, das pradarias.



Dos mares e dos precipícios.



Das florestas e das savanas.



Anjos em alegria profunda banhados em luz intensa.



Anjos banhados em amor eterno.



Anjos sem erros sem defeitos.



Anjos que só ordens esperam.



Anjos felizes que obedecem ao Criador.



Anjos divinos de amor.



Só anjos...



Só anjos em forma de anjos.



Com asas longilíneas e prateadas.



Que nada falavam e tudo diziam.



Anjos que traziam amor.



Numa reunião de anjos aos pés do Senhor.



Em visão de esplendor.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Angelu de além-mar.

Estás do outro lado do mundo.



Mas, é como se pudesse vê-la.



Com cabelos finos e loiros.



E um sorriso que puxa, um pouco, para um canto da boca.



Olhos de quem sofreu e nem sabe porquê.



Um coração delicado e magoado.



Um alguém que pos nas mãos alheias sua felicidade.



Alguém de sola de pés finas.



De mãos delicadas.



De perfume doce suave.



De uma voz profunda, sutil e silenciosa.



De lágrimas que teimam em correr em horas tão inoportunas.



Alguém que abraça com medo a todos.



Menos a sua cria.



Alguém que se sente abandonada, só, eternamente só.



Que não reconhece sua própria luz.



Que não sabe valoriza suas conquistas.



E se acha frágil como um dente de leão.



Quando é uma leoa a proteger seu filho.



Alguém que é para ser muito amada.



Pois, tem no peito uma luz muito bela.



Que teima em esconder.



Nem sei bem por que.



Brilha estrela portuguesa.



Pois, teus olhos são lamparinas celestes.



Teu ventre abençoado.



Tuas mãos criadoras de bênçãos.



Ele nos disse: sois deuses.



És deusa.



Encontra tua deusa e tua força.



Ela não está aqui, não está cá.



Está contigo.



Na esperança que teimas em guarda.



Na caixa de Pandora.

(para minha amiga portuguesa E.R.)

domingo, 10 de abril de 2011

O corpo.


o corpo.


O toque do coração.



O ritmo compassado da respiração nos pulmões.



O som do sangue a correr nas veias e artérias.



Os gases que se movimentam no corpo.



O movimento dos intestinos.



As contrações anais.



O descarregar da bexiga.



Os fluidos musculares.



A saliva que higiêniza a boca.



Os dentes que se entrechocam.



A garganta que resseca e umedece.



As lágrimas guardadas para as emergências.



O movimento dos membros.



O estalar dos ossos.



A luz no cérebro.



A imagem na retina.



Milhões de corpúsculo no corpo.



Um mini universo.



Com um mini tempo de existência.



Feito para experiências na vida da carne.



E ser entregue no momento certo ao seio da mãe Terra.



Cada elemento ao seu elemento.



E a alma ao julgamento de sua consciência.

domingo, 27 de março de 2011

A rosa.



Foi a mais bela rosa vista.

Retiraram-na imediatamente do convívio do jardim.

Separaram-na de suas irmãs não tão ditosas.

Colocaram-na numa redoma de vidro para que não sofresse o abalo dos ventos.

A temperatura era controlada para não lhe fragilizar as pétalas.

E foi a mais bela rosa de todos os tempos.

Sem nenhuma imperfeição.

Viveu o tempo que as rosas vivem.

Amarelou.

Murchou.

Morreu.

Como tudo morre ao seu tempo.

E foi lançada a terra.

Contudo, não viveu.

Não viveu o conviver com suas irmãs.

Não sentiu o perfume de outras rosas.

Não lhes ouviu o burburinho.

Não foi fecundada, não amou.

Não foi acariciada pelos ventos.

Não sentiu a chuva.

Nem o calor do Sol.

Era só mais uma filha da Terra.

Que deveria ter tido liberdade.

Mas, o medo de que fosse ferida e magoada.

Fez com que vivesse seu tempo numa redoma de vidro.