domingo, 22 de abril de 2018

Os Chamados.

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Um Buda determinado a realizar suas meditações num local natural e longe da balbúrdia humana adentrou uma caverna. Acomodou-se em sua posição de lótus e iniciou sua viagem transcendental. Lá pelas tantas foi incomodado por diversas dentadas, finas e dolorosas. Abrindo vagarosamente os olhos deu-se conta de que um pequeno rato faminto estava a lhe roer os dedos.

Compassivamente afastou o rato que assustado fugiu para o seu ninho.

O Buda respirou profundamente retomando instantaneamente ao estado de meditação.

Contudo, algum tempo depois volta a ser importunado pelo rato faminto que retornara a roer-lhe os dedos. Em sua sabedoria e compaixão compreendeu que a fome do pequeno ser, o faria retornar sempre, até que fosse aplacada. Levantou-se e retirou dos seus pertences grãos que ofereceu ao ratinho. Esse faminto devorou imediatamente o alimento oferecido. Farto, o pequeno animal, levantou os olhos como agradecendo e retirou-se de vez para o seu esconderijo.

O Buda impassível retorna a sua posição.

De tal modo, são as almas humanas atormentadas pelas “coisas” do mundo. Algumas dessas “coisas” podem realmente tornarem-se um impedimento à elevação espiritual (principalmente no nosso nível corpóreo). O rato que representa o corpo físico deve ser alimentado é uma lei da natureza. O rato precisa de nutrição e cuidados básicos para que silencie e acalme-se. Provido nas suas necessidades ele retorna ao “ninho” e a alma retorna a sua busca de integração com o Todo.


Como o rato, que buscou no Buda o alimento, podemos buscar o Divino por um “pseudochamado” gerado pelas situações que nos levam erguer as mãos em preces pedintes, a entupirmos os templos e rogarmos pelo fim de todas as nossas dores. E quando atendidos, na maioria das vezes, damos às costas para a divindade, para as religiões e retornamos as atividades comuns. Abalando-nos, daqui a pouco, lá na frente, com qualquer impedimento que achemos que nos tiram a paz, a fartura, à indolência, a saúde, etc.

Os verdadeiros buscadores devem atentar que quase sempre se ouve o verdadeiro “chamado espiritual”, quando a mesa está farta e as nossas necessidades materiais essenciais atendidas. Necessidades essenciais que mudam de acordo com o ponto de vista de cada um, diga-se de passagem!

É assim... Eis que surge o vazio. O vácuo que somente pode ser preenchido com a Presença Divina em nós. Que tenhamos ouvidos de ouvir!


Bênçãos dos Antigos.

Mallika Fittipaldi. Autoria.

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