quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Senhora

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No final sempre me parecem assim
Esquecidas de si.
Emaranhadas em sonhos esvaídos e vazios
Perdidas em entrelaçado velhos fios.

Os olhos ao chão sem sonhos,
Só lembranças cinza tudo bisonho,
Em tons enfadonhos.

Morta à criança que já foi um dia
Já não é mais a menina arredia
Da rua a mais bela guria.
Da turma agitada, alegre, a guia.

Fechou o lábio em silêncio respeitoso
Ao cônjuge, ao lar, a tudo que um dia lhe foi desgostoso.
Tornou-se senhora fulana de tal. Perdeu o nome espantoso!

Empurrou-lhe a vida dessa época para uma morte lenta
Tortura diária de ser rainha do lar.
Impossibilidade de ser livre, de ir ao teatro ou ao bar.
Sem esperança de nada, nada a acalentar.

Findou aos poucos como o Sol no entardecer morno.
Sem grande brilho ou show.
Quase, quase  ninguém notou.

Mallika Fittipaldi. Autoria.




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