segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Decisão




Decidir
Ir ou não ir?
Se sei o que me aguarda se fico...
Então, por que não me arrisco?
Venham as surpresas da vida!
O riso seja talvez minha sina,
Seja eu mais feliz que hoje
Mesmo com as marcas que a vida trouxe.
Seja minha alma livre da mesmice!
O gosto pelo inusitado, mesmo por tanto tempo, guardado
Ainda existe.
Venham novos sonhos, portentosas quimeras.
E mesmo que a “solidão essa pantera”
Espreite o meu ser soturnamente
Arriscar-me-ei a ser feliz novamente.
Mallika Fittipaldi (autoria)

domingo, 30 de dezembro de 2018

domingo, 24 de junho de 2018

O não morto


Resultado de imagem para pintura olhos que choram
De que forma esquecer o que ainda vive?
Mesmo quando fecho os olhos sei que persistes.
Numa existência pardacenta, nevoenta,
Que a minha alma a tua acorrenta.

Como chorar o cadáver que não existe?
Que não desceu a cova.
Que não apodreceu, não fedeu, nem mesmo morreu.

Qual a solução que não seja o frio assassinato
Apagando todos os momentos passados
Des-criando qualquer chance de futuro
Imaginado atos funestos e escuros.

Desejo cortar esses vínculos que a ti me une,
Romper os cordões que nos ligam e me punem,
Por crer, somente crer em tua quimérica perfeição.

Essa dor que se aninhou no meu peito
Rasgou sem conserto todos os teus bons feitos.
Mostrando tua face infame de não anjo
Cheia de tortuosas mentiras para obter teus ganhos.

Não, não quero ser teu juiz e nem teu carrasco.
O que quero realmente é aqueles antigos braços
Onde não se encontrava nós, só doces laços.

Mallika Fittipaldi. Autoria.






sexta-feira, 22 de junho de 2018

Quando...

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Eu ou você fizermos a passagem
Não importa quem primeiro.
E essa vida se torna para nós o que é realmente... Uma miragem
Algo que passou como lição, aprendizado, dor para evolução.
Saibas com fidúcia que para ti escrevo e te deixo de recordação
A sentença verdadeira, correta, exata, valida, a certeza... Amei-te.
Como um ser imperfeito pode amar.
Como ama àquele que percorre vidas após vidas buscando dá acerto as contas.
Procurando ser para quem ama o apoio, a parada, o porto seguro, o esteio.

Pense no que vivemos juntos, busque, no entanto, nossos melhores momentos.
Não creia no inverossímil de que fomos um para o outro ser perfeito.
Cerre os ouvidos a maledicência alheia.
Duvide da má palavra, da intriga, da censura, que a boca o mal recheia.

Não, não te perdoou os erros por inteiro.
Nem quero teu perdão completo, condescendente e altaneiro.
Isso nos apartaria por inteiro.
Basta-me sentir tua falta e tu a minha.
E as mesmas lágrimas que firam meus olhos seja a dor que em te se aninha  
Na última hora dessa alma andorinha levantar voo da carne que a entretinha.

Mallika Fittipaldi. Autoria.

domingo, 22 de abril de 2018

Os Chamados.

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Um Buda determinado a realizar suas meditações num local natural e longe da balbúrdia humana adentrou uma caverna. Acomodou-se em sua posição de lótus e iniciou sua viagem transcendental. Lá pelas tantas foi incomodado por diversas dentadas, finas e dolorosas. Abrindo vagarosamente os olhos deu-se conta de que um pequeno rato faminto estava a lhe roer os dedos.

Compassivamente afastou o rato que assustado fugiu para o seu ninho.

O Buda respirou profundamente retomando instantaneamente ao estado de meditação.

Contudo, algum tempo depois volta a ser importunado pelo rato faminto que retornara a roer-lhe os dedos. Em sua sabedoria e compaixão compreendeu que a fome do pequeno ser, o faria retornar sempre, até que fosse aplacada. Levantou-se e retirou dos seus pertences grãos que ofereceu ao ratinho. Esse faminto devorou imediatamente o alimento oferecido. Farto, o pequeno animal, levantou os olhos como agradecendo e retirou-se de vez para o seu esconderijo.

O Buda impassível retorna a sua posição.

De tal modo, são as almas humanas atormentadas pelas “coisas” do mundo. Algumas dessas “coisas” podem realmente tornarem-se um impedimento à elevação espiritual (principalmente no nosso nível corpóreo). O rato que representa o corpo físico deve ser alimentado é uma lei da natureza. O rato precisa de nutrição e cuidados básicos para que silencie e acalme-se. Provido nas suas necessidades ele retorna ao “ninho” e a alma retorna a sua busca de integração com o Todo.


Como o rato, que buscou no Buda o alimento, podemos buscar o Divino por um “pseudochamado” gerado pelas situações que nos levam erguer as mãos em preces pedintes, a entupirmos os templos e rogarmos pelo fim de todas as nossas dores. E quando atendidos, na maioria das vezes, damos às costas para a divindade, para as religiões e retornamos as atividades comuns. Abalando-nos, daqui a pouco, lá na frente, com qualquer impedimento que achemos que nos tiram a paz, a fartura, à indolência, a saúde, etc.

Os verdadeiros buscadores devem atentar que quase sempre se ouve o verdadeiro “chamado espiritual”, quando a mesa está farta e as nossas necessidades materiais essenciais atendidas. Necessidades essenciais que mudam de acordo com o ponto de vista de cada um, diga-se de passagem!

É assim... Eis que surge o vazio. O vácuo que somente pode ser preenchido com a Presença Divina em nós. Que tenhamos ouvidos de ouvir!


Bênçãos dos Antigos.

Mallika Fittipaldi. Autoria.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Senhora

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No final sempre me parecem assim
Esquecidas de si.
Emaranhadas em sonhos esvaídos e vazios
Perdidas em entrelaçado velhos fios.

Os olhos ao chão sem sonhos,
Só lembranças cinza tudo bisonho,
Em tons enfadonhos.

Morta à criança que já foi um dia
Já não é mais a menina arredia
Da rua a mais bela guria.
Da turma agitada, alegre, a guia.

Fechou o lábio em silêncio respeitoso
Ao cônjuge, ao lar, a tudo que um dia lhe foi desgostoso.
Tornou-se senhora fulana de tal. Perdeu o nome espantoso!

Empurrou-lhe a vida dessa época para uma morte lenta
Tortura diária de ser rainha do lar.
Impossibilidade de ser livre, de ir ao teatro ou ao bar.
Sem esperança de nada, nada a acalentar.

Findou aos poucos como o Sol no entardecer morno.
Sem grande brilho ou show.
Quase, quase  ninguém notou.

Mallika Fittipaldi. Autoria.




sábado, 17 de fevereiro de 2018

Tola.



Imagem relacionada

Tento verdadeiramente esboçar a minha linha, meus passos.
Penso, contudo, que erro quase sempre meus traços.
Por enquanto, ainda culpo o compasso.
Esse corpo que acham meio torto, meio feio e desajeitado.

Sonho possuir a beleza de Vênus, os lábios de Cleópatra, os cabelos de Freyja.
Os encantos das ninfas, a leveza das sílfides, o som das nereidas.
Enfim, a beleza perfeita.

Ter minhas decisões inquestionáveis,
As convicções inabaláveis,
As crenças indestrutíveis,
As palavras irredutíveis.

Cada pensamento gerando perfeita criatura,
Cada sentimento para com o outro puro amor e candura,
Cada ato corporal miríade de concepção transcendental.

Retorno ao aqui e agora com todos os meus livros de história
Onde Hitler usou a palavra e destruiu milhares,
Onde guias espirituais pregam Deus Amor de forma destrutiva e contraditória,
E os homens unem-se para criarem dores, sofrimentos, pesares.

Agradeço ao corpo torto e feio não dado a realizar grandes feitos.
A mente lerda e vagarosa para a resposta fria, amarga e dura.
E o coração mole para todo e qualquer tipo de criatura.

Deixe-me ser tola ao olhar do mundo.
Pois, durante á noite não são meus sonhos feios e imundos.
Descansa minha alma sobre minhas tolices.
Adoçando-se no mel que brota daquilo que muitos chamam de idiotice.

Mallika Fittipaldi. Autoria.





quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Retorno.

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Sei que, um dia qualquer “parto”, desse rincão, mas, não em pedaços.
Irei inteira, solteira, nua, completa, frágil como uma anciã, forte como aço.
Vou sem medo, assim que deixar as velhas vestes, que cobriram tantas vergonhas.
Ciente de que tudo o que me vestirá serão os meus desmandes e desonras.

Possivelmente o meu brilho será opaco e minha consciência disco arranhado
Assim é, aprendi a conviver (comigo)  com meu carrasco.
Não terei vergonha de tantos erros.

Já cometi desacertos por tantas vidas.
Fica só novamente a saudade do que deixo,
Tudo que me dava alegria,
Os amores dessa antiga vida.

Reiniciarei de novo a caminhada, sangrenta, suada.
E pela Divina Graça poderei observar comparar
Que há menos espinhos a me machucar, a menos almas a me acusar.
Procurarei o que levou a essa mudança com pressa e ousadia.

Quando então, com certeza lá no fim da estrada encontrarei mãos amigas estendidas.
Mãos dos que alimentei com sobras, a quem doei para esnobação, por bondade simulada.
Verdadeiros anjos a amparar-me a chegada sofrida, acolher sem perguntar, me amar sem cobrar.

Mallika Fittipaldi. Autoria.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Minha Olinda em Carnaval.


O som do carnaval de Olinda atravessa minha janela
La fora pierrôs, colombinas, bailarinas azuis, vermelhas e amarelas,
Pulam, gritam, cantam, dançam e se embebedam.
Acham-se, perdem - se, maculam-se, obsedam-se.

O homem da meia noite saiu ontem
Saudando os deuses, os mortos e os mortais.
Com seus trajes já não tão infernais.

No sobe e desce das ladeiras
Encontram-se as doidivanas, as lavadeiras, as patricinhas e as fofoqueiras.
Todas iguais naquela onda de bobagens e asneiras.
Buscando a felicidade mundana, tão fugaz, tão passageira.

Mas, o riso alegre dos foliões.
Os fogos que explodem em artificios
Chamam as almas sofridas a esquecerem de todos os sacrifícios.

O chão treme com as batidas dos pés
Com os passos do frevo
Com o batuque do tambor
Com o calor do sexo amor.

Apenas alguns dias dessa alegria insana a que cedo finda
Então, todas, todas as fantasias serão guardadas...
E as lembranças como pó de sonhos apagadas.

Mallika Fittipaldi. Autoria.