sexta-feira, 22 de maio de 2015

Silêncio.





Silêncio.
Para quem não nos ama. Silêncio.
Para quem não nos respeita. Silêncio.
Para os donos da verdade. Silêncio.
Para os grosseiros. Silêncio.
Para os falsos. Silêncio.
Para quem nos mente. Silêncio.
Para os que nos maldizem.  Silêncio.
Para quem realmente não se importa. Silêncio.
Para quem esqueceu nossas delicadezas. Silêncio.
Para os pequenos ditadores. Silêncio.
Para que não nos tem devida consideração. Silêncio.
Silêncio. Silêncio. Silêncio.
Mesmo que nos corte a avantesma
Umedeça-nos os olhos
Arrebente nossos sonhos
Seja contra nossas crenças
O silêncio pode ser o único caminho
Para que não odiemos
Não discutamos.
Não digamos nada que possamos nos arrepender depois.
Mesmos que esse Silêncio.
Seja uma faca de dois fios
E corte nossa pele e nossa alma.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Nos perdemos.




Onde nos perdemos?
Em que encruzilhada desencontraram-se nossos caminhos?
Qual a razão dos nossos passos não terem se voltados para nosso ninho?
Quanto silêncio, segredo, sigilo do que ansiávamos.
Sufocando a cada dia o anseio da união amiga, do companheirismo, do amor.
Calando as vontades.
Dobrando no fogo da forja os instintos.
Sonho meu...
Serei teu sonho...
Ou morremos um para o outro
Descruzando os encontros
Receando um futuro nosso.
O que nos prende ao presente?
Haverá assim tanta felicidade?
Ou habituamo-nos as migalhas de nos sentir
Um pouco bem,
Um pouco amado,
Um pouco desejado,
Um pouco respeitado,
Um pouco, mas só um pouco, de qualquer coisa.
Enquanto nas ampulhetas a areia desce
Nos relógios os ponteiros correm
Os carrilhões tocam
Os sinos badalam.
Avisando o fim do tempo.
Fogem de nós os últimos resquícios dos sonhos
O pouco de juventude, a nossa vontade, a nossa loucura de tentar.
Ficamos emparedados, enrijecidos, entorpecidos.
Fica apenas o medo de perder tão pouco.
Para arriscar algo mais.
A grandiosa aventura da vida.
A paixão.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Amores antigos.

Amores não morrem.
Eles podem dormitar.
Esconderem-se por medo de se mostrar.
Fugir para não serem apanhados, amarrados, pegos.
Fingir que não existem mais.
Dobrar rápido a esquina para não serem encontrados.
Ficarem nas ruelas escuras para não serem vistos.
Cavarem buracos e neles se enfiarem.
Imitarem os avestruzes.
Silenciarem por todo tempo que puderem.
Maquiarem-se para não parecer amor.
Buscar olvidarem o que são.
Fingir que não mais existem.
Para não criar problemas.
Em vão.
Latentes sempre estarão.
Esperançosos de serem encontrados.
Mimados, tocados, acariciados.
Relembrados em todos os acontecimentos.
Revividos.
Ressuscitados.
Sentidos com todos os sentidos.
Libertos de toda a poeira, de toda sujeira, de todo erro.
Para limpos, brilhantes, fulgurantes.
Adentrarem no lugar que lhes pertencem

Nosso eu.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Sonhos



Sonhos
São como flocos de neves que derretem aos primeiro raios do Sol
Que trás a luz, o calor, a verdade do mundo.
São ilusões que felicitam seus senhores
E os abandonam no corre-corre do dia, na presa, pelos próprios pendores.
Torna-nos palhaços, brinquedos, folia.
Até que relembremos nosso dia-a-dia.
Sonhos de brisas leves. Sonhos de caricias e amor.
Quando findam resta somente a dor.
Sonhos que tentamos resgatar
Mas deparamos com tantos obstáculos
Com os fossos medievais,
Precipícios,
Fogos infernais,
Medos,
Culpa.
Desistimos.
Sepultamos nossos sonhos
Dentro das paredes do nosso quarto
E a noite
Ele enlouquecido, como nós, arranham as paredes e urram.
Em busca da liberdade da realização.
Das quimeras da nossa alma e dos nossos corações.

domingo, 17 de maio de 2015

Personagens.


Personagens.

Já que não sabes o rumo a tomar
E vives a pensar por aqui ou por lá
Não temas experimentar.
O Cosmo é abundantemente prodigioso
Desavergonhadamente perigoso
E tutor.
Nada realmente te fere
Somente a ilusão da dor.
Tu és o personagem cheio de ketchup
Que irrompe de terror ao se imaginar sangrando em demasia.
Enquanto chora a linda mocinha amada e desarvorada.
O publico entra e saí da peça em que se encontras
E mesmo tu cansado também se desencanta
E por trás das cortinas descansas.
Até que o cheiro da carne, do perfume, do álcool, do amor humano.
Chama-te, te convida e não resistes.
Voltas ao palco em outra versão
Talvez mais alegre ou triste.
O importante é que te assiste o chefão
E quando nota que naquele teatro de tudo encenastes
Passas-te para outro de maior nova envergadura.

Onde com certeza as exigências serão mais duras.

sábado, 16 de maio de 2015

Fresta no tempo


Fresta
Não deve ter sido pela porta
Essa há muito fechei.
Talvez alguma janela mal cuidada, mal fechada, somente encostada. 
Que deixei, esqueci, abandonei e não mais cuidei.
Por alguma fresta com certeza ela entrou
Feito fumaça, feito neblina, feito fog inglês e silenciosamente se instalou.
Trouxe consigo todas as lembranças
Que pude rememorar.
Causou com certeza
Toda a dor que pode causar.
Relembrou... Antigas questões, falsas decisões, decepções por mim criadas.
Sofri todos os antigos movimentos e momentos
Os anos que deixei a porta aberta
Braços prontos e estendidos aos abraços
O coração no escuro e na solidão.
Somente a semente do retorno e da reparação.
E finalmente a dolorosa verdade do fim.
Mas, o fim daquele mundo legítimo.
Enquanto, nas quimeras continuavam as peripécias.
Aventuras entre o real e o imaginário.
Inseparáveis e indistinguíveis.
Encontros e desencontros.
Tanto que já não sabia o que era verdadeiro e o ilusório.
Como uma planta miúda, uma trepadeira, uma parasita.
As alucinações minguaram, amainaram, atenuaram, serenaram.
Que com o tempo pensei secou! Findou! Acabou!
Mas, hoje com a visita do passado em forma de fumaça e fantasia.
Percebi que nas minhas quimeras, alucinações, delírios e desvarios.
Existem com certeza vida, vigor e dor.
Que continuarão a me visitar eternamente.
E penso que mesmo que a idade me demente
Elas lá estarão.
Como roca das Senhoras dos Destinos, as Parcas.
Eternamente a fiar.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Procelas



Quando em meio as procelas da vida
Sentes paz
Descansas.
Não busca o que pode te aborrecer ou preocupar
Entrega-te ao Deus ele de ti há de cuidar.
Nas paragens do infinito
Seres benditos
Oram, olham, labuta para a dor minimizar.
Recorre à prece continua
Aos pensamentos alegres
Ao riso com siso.
Não degrades os teus dias
Pois, não sabes a contagem dos mesmos.
Nos momentos das tormentas quando encontras a paz
Estás inconscientemente nas mãos de Luz do Pai.
Dormes tranquila e sonha com outros dias.
Faz planos de caminhadas para o bem
Estabeleces metas
Esses dias passam
Outros chegam.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Mulher negra

11448-l_small-mulher_negra_e_seguridade

Não esqueces mulher o teu passado
As tuas raízes
Não esticas teus cabelos
Nem enloirece.
Não permitas que suma teu cheiro
Ama teu corpo
Tua cor
Jamais te humilhe o olhar do outro diferente
Aceitas teu passado, pois é impossível modifica-lo.
Contudo constrói teu futuro
Com tuas mãos negras
Prever tua vitória com teus olhos da noite
Enlaça a boa sorte com teus cabelos crespos
Grita quando injustiçada, pois já são mais frágeis as mordaças.
Teu passado seja uma lição
Para que jamais se repita em qualquer plano
A maldita escravidão.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Minha amiga.

Minha amiga dos olhos grandes
Quem os fez assim?
Olha-me com tanta ternura
Por que tanto amor por mim?
Não sou anjo de candura
Não te faço companhia
Mal percebo suas agonias.
Sempre por perto
Sem me largar
Parece compreender-me só com o olhar.
Peço-te desculpa amiga
A vida me arrasta de lá para cá
De cá para lá
E nem todas às vezes posso comigo te levar
Mas, saiba que em meu silencio, em minha falta.
Um motivo há.
E quando ele passar...
Vou te colocar ao colo
Mimar-te com beijos
Arrumar seus pelos
E dizer que te amo.
E você querida com seus olhos grandes e amorosos
Simplesmente acolherá meu abraço
Dormira em meus braços

Como se o tempo de solidão não tivesse existido.

Em geral assim pensam...


Um homem na janela “pega” vento
Uma mulher na janela vê o mundo.

Um homem bem vestido profissional de sucesso.
Uma mulher bem vestida busca companheiro.

Um homem calado pensa.
Uma mulher calada sonha.

Um homem rico fez-se aos seus esforços.
Uma mulher rica possível herdeira.

Um homem sem filhos assim preferiu.
Uma mulher sem filhos tem útero seco.

Um homem ríspido um chefe.
Uma mulher ríspida desclassificada.

Um homem que viaja muito trabalho.
Uma mulher que viaja muito precisa.

Um homem só escolha.
Uma mulher só incompetência.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Por que me criaste?



Por que me criaste?
Concedendo-me a visão
Dos astros, da relva, das águas que correm.
Dos olhos do meu pai, da figura materna, da minha paixão.
Por que me criaste?
Sentindo o cheiro do mar, das algas, dos peixes vivos.
Das flores com todos os seus coloridos.
Por que me criaste?
Vivenciando o toque de amor
Do sexo sem pecado ou pudor.
Por que me criaste?
Ouvindo o canto do rouxinol, da cotovia.
Dos ventos nos coqueirais, da brisa que assovia.
Por que me criaste?
Experimentando o doce mel das frutas
A embriaguez libertadora do eu.
Por que me criaste?
E tanto me destes
Quando já sabias de antemão

Que esse eu feneceria por tuas mãos.

Expiação



A quem culpar pelas minhas dores?
Quando olho ao meu redor somente vejo sofredores.
Seremos carrascos uns dos outro
Cingidos pela dor sem nunca podermos ser soltos.
Com qual moral atirarei a primeira pedra
Quando a culpa minha mente molesta.
Teria alivio caso desse cabo a outros sofredores
Cessariam as minhas agonias e estertores?
Preciso de um bode expiatório para aliviar minha consciência
Tornando-o a raiz de toda iniquidade.
Libertar-me-ia o sangue do cordeiro?
A coroa de espinhosa?
Os pregos?
A cruz?
Ou somaria a tudo que sofro
A dor da morte de Jesus?