quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Fiel amigo




Quem me tocará a alma e o coração?

E banhará minha vida com luz e devoção?

Estará sempre a minha espera?

Fará de mim seu norte e alegria?

Quem me verá sempre com espantosa exultação?

Quem nunca, nunca me deixará a deriva?

Ou olvidara de mim sequer um segundo?

Que amigo nunca me trairá?

E nos olhos surgirá mavioso brilho quando me olhar?

Quem não vê meus erros, desacertos?

Amando-me sem questionar?

Só tu meu amigo cão.

Posso assim, caracterizar.

Em memória.

Timóteo.



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Logradouros.


 
Que caminhos me trouxeram até cá?

Não era aqui que eu deveria estar.

Não era aqui que queria ficar.

Falsos caminhos de conforto,

Vias asfaltadas,

Sem buracos ou pedras de tropeço,

Linhas retas aprumadas.

Sem surpresas,

Sem ações,

Sem diversões.

Caminhos seguros.

Trilhado por milhões.

Não era esse o caminho que ansiava.

Mas, o medo do inusitado,

A moleza dos fracos,

Os sentimentos de culpa,

A humildade humilhada,

Pela praga da danação amedrontada,

Arrastaram-me de roldão por essas estradas.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Encontro-me


 


Encontro-me em teus olhos
Opacos pelo tempo,
Não mais cristal.

Molhados pelo choro,
Enrugados pelos milhões de momentos,
Solícitos de outros olhares.

Encontro-me em teus olhos.
Profundos, como águas abissais,
Escuros como as cavernas profundas.

Mas, sempre, rasos...
Rasos d’água, rasos de gotas transparentes que rolam pela face.
Banhando um rosto estéril de amor.

Encontro-me em teus olhos.
Como se eles fossem os meus próprios,
Sofridos os dois com o rolar do tempo.

Encontro-me em teus olhos.
Na perda da felicidade,
No medo, pavor, receio, temor,

De ser o ser que é
Repleta, plena, perfeita.
E ser feliz.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Seja você.




Seja você, apesar de nem todos...

Compreenderem teus motivos

Entenderem tuas ações

As razões que te movem.



Seja você apesar de nem todos...

Apreciarem teus modos

Admirarem teus trejeitos

Aceitarem teus defeitos.



Seja você apesar de nem todos...

Compreenderem tuas razões

Avaliarem corretamente tuas medidas

Aferirem com justiça tuas escolhas.



Seja você apesar de nem todos

Ou apenas um

Até quem sabe nenhum

Te aceite.



Saibas que és...

Pedra rara

Única entre tantas pelos caminhos

Impar e incomum mesmo na sua simplicidade.


Insueto ser

Na falta de cores brilhante

Na opacidade do teu corpo

Na beleza não aparente



Seja você sempre

Não mude para agradar

Para ser aceito por A ou B

Para ser bem quisto.



Seja o que sois

Pois é o que és

E nenhuma máscara que usares

Modificara tua essência.



Existindo os que não te aceitam

Como tu és realmente

Haverá um que te ama incondicionalmente

Deus.






sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Felicidade noturna.



Felicidade noturna.


Quando a solidão perfura, corta, amputa.
E torna-se bisturi que rasga fino e fundo,
Serra elétrica que separa em pedaços, minhas partes, meu mundo.
Destruindo o que foi o sonho de felicidade.

Quando a solidão é megera, vil, medonha, insaciável,
Provocando dor dilacerante, inacreditável,
Sem deixar marcas aparentes, visíveis, tocáveis,

Agindo silenciosamente, sorrateiramente, em minha alma.
Quando age assim a solidão, busco os sonhos.
E eles a mim manifestam os meus desejos, os meus anelos, a minha quimera.
A mim trazem os objetos de minha aspiração, o que me agrada, meus anseios.

Em sonho tenho o que amo.
O desejo realizado, o ser adorado, venerado... Maquiado.
Preenchendo-me os espaços vazios, os nichos ocos  os ninhos vagos.

Nada obstante, a matéria da fantasia é miragem.
Tão falsa como a realidade quotidiana.
Os devaneios se desfazem ao abrir dos olhos.
Como a nevoa que se dispersa a luz solar.

Eis que vem, que volta a solidão funesta.
Solidão instrumento do aprendizado da vida
Aniquiladora da alegria noturna;
A utopia da felicidade plena em vida.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Vou.




Vou...
Em alto voejo,
Plainando feito gaivota,
Estático qual beija-flor,
Vou...
Esvoaçando,
Nas cordilheiras como condor,
Nas florestas nem gavião,
À noite na forma de coruja.
Vou...
Cortando,
Espaço,
Tempo,
Destino.
Vou...
Homem velho,
Perdido,
Embrutecido.
Vou...
Em busca,
Que não seja vã;
O que fui quando menino.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Assim seja!



Que seja a peste, a danação, o terror.

Que seja somente dor.

Que venha a fome, a morte, a miséria.

Que seja tudo o que não presta.

Mas, seja.



Antes a vida em ruína e desgraça

Que essa mesmice sem graça,

Esse passar em branco.



Que venha tudo

Visto como o que não presta.

Acordando-me desse torpor.



Como posso viver sequer um momento

Não tendo em Ti meu pensamento

Sem Teu alento,

Sem Tu,

Senhor?



Tu que és a vida pulsando em cada tom

Em cada ser pensante e indagador,

Dos quatro elementos o senhor,

A matéria, a energia fluídica, espírito vivificador.

Em tudo e todos os seres a Centelha de Vida, que avigora.

Simplesmente puro amor.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Apego.



Minha mãe

Move-te o amor

Modela-te a face o tempo

Incomoda-me tua dor

Machuca-me tuas feridas

Maldigo o ponteiros do relógio que correm

Melancólico contar das horas

Mendigo aos céus mais tempo

Mereço? Não sei...

Mas, gostaria de te ter aqui enquanto possas.

Melhor dizer, um pouco mais.

Meu Deus sempre mais.

Mas, que não estejas a sofrer.

Momentos de sofrimento não te desejo

Mediante tal te libertaria do meu apego

 E te deixaria voar.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Amada.



Amada.
Mulher amada
Pudesse eu...
Procuraria...
Em todo lugar um a estrada,
Na escuridão a luz buscada,
No frio a manta que agasalha,
Na fome o alimento que sacia,
No céu a Lua que te encanta.
Seria tua serva bem contente,
Tua guardiã contra qualquer má gente,
A que abre janelas, portas e porteiras,
Para que nenhuma passagem a ti se fechasse,
E caminharias sem atribulações,
Pois a tua frente estaria em busca de pedras de tropeços,
Retirando dos teus próximos passos qualquer objeto de obstáculo.
E quando chegasse a noite invernal,
Que esfriaria teu corpo carnal,
Estaria contigo em meus braços,
Este que me agasalhou a infância,
Sustentou-me na juventude,
Guiou-me na maturidade,
Seriam então teus travesseiros de penas,
Onde descansarias alva cabeça cansada,
E suspirando a última exalação
Ouviria então:
Amo-te mãe do meu coração.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Almas umbralinas.


 

Almas umbralinas.

Em desespero choram, clamam, agitam-se
As almas umbralinas.
Não há luz para seus olhos,
Não há luz.
Tateiam em breu indescritível,
Em meio a lodo, lamaçal, atoleiro,
Suas vestes, que não são panos, rotas,
Seus rostos já não humanos
Assustam.
Vagueiam perdidas em seus pensamentos,
Outros em sentimentos de tormentos
É o umbral.
O poço.
Onde ainda intentam esconder seus desacertos
E a pleno pulmões berram:
Por que eu Senhor?
Que fiz para merecer esse martírio?
E olvidando, negando, recusando reconhecer seus erros
Seguem em caça de alivio para seus sofrimentos.
Numa busca vã e tormentosa
Sem Deus no coração ou no pensamento.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A caça.


Buscando em tudo perfeição
Procuro ser melhor no que fizer
Eu faço
Por Ti.

Para te encontrar mais rapidamente possível.
Reconhecer-te em minhas entranhas
Amar-te tempo integral.

Não sei como verbalizar essa procura
Essa procura escandalizada da Verdade
Por tantos caminhos
Às vezes tão contraditórios.

Perco-me em minhas estradas
E se penso que te acho naquela esquina
Já ultrapassasse antes o meu sinal vermelho.

Caminho assim em torturada procura
Mas, sei que um dia te encontro.
Quando menos esperares.

Estarei em mim
Profundamente implantada
E serei plenamente feliz
Pois serei Tu e Eu num só Ser.