Enterrei
profundamente minhas raízes na terra.
Escavei o mais
fundo que pude.
Enrosquei-me nas
pedras duras e frias.
Atravessei camadas
e camadas de terras frias, úmidas, fofas.
Cheguei ao barro e
atravessei-o.
Fui fundo.
E enquanto me enroscava
cada vez mais na Mãe que me nutria.
Cresci em beleza e
força.
Meu troco cheio de
nós.
Cheio de rugas
grossas e negras.
Meus galhos vivos,
viçosos.
Minhas folhas fortes
e saudáveis.
Cresci mais que
todas as árvores.
Estava ali plena e
segura.
Vendo passar o
tempo.
Passar as nuvens.
Passar as
estações.
Nascerem,
crescerem e morrerem os homens.
Mesmo aquele que
me plantou.
Liberei sementes.
Fui moradia para
pássaros, besouros, formigas, lagartas, borboletas e lagartixas.
As crianças subiam
em meu tronco.
Não temiam ficarem
dependuradas nos meus galhos.
Eles não quebravam
facilmente.
Eu era imponente.
Entre minhas irmãs
a mais orgulhosa.
Nada dizia. Mas,
meu porte demonstrava o que sentia.
Mas, algo
aconteceu.
Minhas raízes
atingiram veio d’água.
Que se infiltrou
numa quantidade que não podia consumir.
E elas foram
apodrecendo, tornando-se frágeis, mortas.
E como uma doença
infernal se espalhou por todas as minhas pernas.
E o meu tronco foi
descascado, minhas folhas caindo. Meus galhos enfraquecendo.
As crianças já
temiam subir em mim.
E fui abandonada
pelos moradores.
Só restaram os
cupins.
Que me devoravam
os últimos resquícios de vida.
Finalmente tombei
em dia de tempestade.
Não servi nem para
lenha.
Esquecida fiquei
por anos e anos.
Apodreci voltei a
terra.
E para meu
encanto.
Reiniciei a lançar
raízes.
A viver de novo.
Como se a natureza
desse a cada ser sempre uma nova chance.
De vida e vida em
abundância.
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