quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Piedade.


Piedade.

Pelas minhas mãos estendidas pedindo.

Pela minha sujeira.

Pelas minhas roupas rasgadas.

Pela voz embargada.

Pelas minhas pernas deformadas.

Pela vermelhidão dos meus olhos.

Pela garrafa de cola na minha cintura.

Pela cambaleante caminhada até ti.

Pela dor que sinto.

Pela minha inconsciência.

Pela náusea que te causo.

Pela verdade de também ser humano.

Pela miséria que te apresento por fora do vidro do teu carro.

Perdoa-me.

Pelo medo que em ti se espalha a minha presença.

Pelo horror que te faça algo mal.

Pelo simples fato de existir como trapo humano.

Pelo meu olhar que te acusa de não seres bom comigo.

Pelo gesto agressivo.

Pelo apelo ao teu coração compassivo.

Pelo arrependimento de não teres ou poderes fazer algo a meu favor.

Perdoa-me.

Perdi a mim mesmo no mundo.

Fugi.

Não há como voltar.

Não nessa vida.

E se minha existência te é uma agressão.

Perdoa-me.

Eu não sei.

Mas, minha alma tem certeza que o Pai perdoa.

E dar-me-á uma nova existência.

Para reergue-me do charco em que estou.

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