segunda-feira, 30 de abril de 2012

Deus



Em TI

Não há solidão.

Não há dor.

Não há temor.

Não há horror.

Não há...

Não há perdição.

Não há danação.

Não há infelicitação.

Não há...

Não há tristeza.

Não há vileza.

Não há baixeza.

Não há...

Nada que nos torne mais humanos.

Nada que nos torne mais divinos.

Nada além da consciência da Sua Divina Presença.

domingo, 29 de abril de 2012

Do outro lado do véu

Do outro lado do véu

Nem tudo é céu

Nem paz profunda

Existem também profundezas

De maldade e loucuras

Do outro lado do véu

Pode descortinar-se o imprevisível

Lugares de sonhos maviosos

Projeções de corações ansiosos

Luz indescritível.

Do outro lado do véu

Companheiros trabalham pesado

Auxiliando irmãos dementados

Pelo ódio acumulado no coração.

Do outro lado do véu

Existe riso puro e infantil

Como uivos, berros, infames e vis.

Do outro lado do véu

Nem tudo são flores

Há também horrores

Convivem amor e dores.

Do outro lado do véu

Somos o que realmente somos

Não há máscara ou maquiagem
Para alma.

E assim, seguimos para local da colheita.

Do bem e mal que plantamos.

sábado, 28 de abril de 2012

Éramos felizes.

Éramos felizes.

Com nossas longas pernas finas

A correr pelo bairro e campinas.

A pescar beta no canal da esquina.

Éramos felizes...

A andar na linha do trem sem cisma.

A jogar pedras em alvo nenhum.

A rir só da outra olhar.

Éramos felizes...

Com cabelos despenteados e cheios de nós.

Em que a escova escorria só em dia de festa.

Éramos felizes...

Ao ouvir estórias de terror no rádio.

Ao ter, então, nosso pesadelo diário.

Ao acorda chamado nossa mãe.

Éramos felizes...

Nessa pobreza que não era miséria.

Pois, havia o pão à mesa.

O mais simples dos cardápios caseiros.

Éramos felizes...

Em nossa infância sem perguntas, criticas ou revoltas.

Que nublassem de maus sentimentos nossas almas.

Que corriam livres nos ventos da imaginação.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Filhos.

Filhos.

Nossos filhos pedaços de nós mesmas.

Mas, únicos.

Filhos do ventre e seios.

Contudo, filhos dos mundos.

Ansiosos pela fome de vida.

Peregrinos como todos.

Que abandonam velhos caminhos.

E seguem estradas inusitadas.

Seus próprios atalhos e trilhas.

Suas escolhas.

Suas preferências.

Seus destinos.

Que os levam para outros reinos.

Outros mundos.

Donde não precisam de nossa presença.

Às vezes estorvo e peso morto.

Permitamo-lo irem.

Partirem.

Não são nossas crianças eternas.

Mas, espíritos, em romarias terrestres.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Morrer.

Morrer é indispensável

É renovação no corpo.

Descanso de alma.

Da vida terrena tão suscetível às amarguras e agruras.

Morrer é repouso da carne.

E nova vida para o ser.

E o deixar-se pairar no infinito.

Errar entre outros seres amados

Que tinham sido esquecidos.

Velejar olhos em outros mares.

De beleza impar, singular.

E quando o tempo passa,

Morrer de novo

Para voltar.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Beleza existe.

Beleza  existe.

No bocejar desdentado da criança e do ancião.

Nos braços estendidos para abraços dos filhos e dos avôs.

Na pele viçosa do adolescente e da enrugada do velho.

No balbuciar das primeiras palavras e no procurar pelas palavras dos dementados.

Na rebeldia do adolescente e na paz dos antigos.

Nas novas velhas idéias juvenis e na sabedoria da idade.

Nos sonhos de quem começa e na esperança dos que estão aptos a partir.

No grito de não dos que estão aprendendo e na aceitação serena dos enrugados.

Na certeza absoluta de quem começa e na relatividade de quem estar aqui há tanto tempo.

Na vida corrida, de quem quer ganhar a vida e na vida que ganhou a quem queria.

No sangue quente da juventude e no mormaço das veias finas dos idosos.

No pouco tempo dedicado a Deus pelos iniciantes

E na vida dedicada a Ele pelos que tiveram décadas para senti-lo.

terça-feira, 24 de abril de 2012

A vida não para.

A vida não para.

Como trem na curva

Apitando às antigas

Chocalhando suas ferragens

Seus passageiros.


A vida não para.

Como carro na descida

Na ladeira

Na banguela

Em ponto morto.


A vida não para.

Como avião

Sobre o algodão das nuvens

Buscando a terra

Sobrevoando o mar.


A vida não para.

Mesmo como tu e eu

Cansados do caminho

Pés em brasa

Coração sozinho.

A vida não para...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sou frágil.

Sou frágil.

Senhor

Sou frágil.

Como uma flor dente-de-leão.

Que se esvai ao sopro.

Como manteiga

Que se derrete ao fogo.

Como nuvem desintegrada

Pelo bafejar do vento.

Como lágrima única

Que seca antes de terminar o correr da face.

Como um pequeno filhote de canguru

Na sua primeira aventura de vida.

Como uma foca em mar gelado

Frente a orca faminta.

Como amor iniciante

Quando não alimentado.

Põe-me em teu colo.

Alimenta minha alma.

Para que todas as minhas esperanças estejam em Ti.

Sejas minha coluna de sustentação.

Meu porto seguro.

Meu Pai, meu filho, meu esposo, meu amigo, meu irmão.

Meu desejo seja só Tua presença em meu coração.

domingo, 22 de abril de 2012

Vendo! Empresto! Dou de graça...

Vendo! Empresto! Dou de graça...

Tenho um grande coração.

Achei-o vagando por aí.

Acolhi-o e estou a oferta.

Contudo, coitadinho, ninguém quer dele se apossar.

Dizem que dá trabalho.

Que dói sem parar.

Que nunca deixa de se apaixonar.

Que não atende aos apelos da mente.

Um vagabundo sensível.

Que se mete em confusão.

Que sente dor até pelos outros.

E então, ele está assim, sozinho.

Esperando uma donzela formosa, um cavalheiro andante.

Uma senhora prendada, um senhor solitário.

Uma criança abandonada, uma mulher eremítica.

Um ancião esquecido, um filho seco.

Bem, talvez, realmente, quem sabe...

Alguns tenham razão...

Corações trazem problemas.

De amor, de caridade, de doação, de perdão.

Com aqueles que sofrem nesse momento.

E necessitam de apoio e compreensão.

Psiu! Você aí...Não quer esse coração?