quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Sem lamentos.



Sem lamentos.


Não, não devo lamentar.

Os erros que cometi,

As palavras rudes que falei e hei de falar.

Todos os não que ainda terei que dar.

Os caminhos tortos que cruzei.

O fogo da paixão que não consumei.

O lírio branco que não conservei.

As dores que não senti.

Os amores que não vivi.

Os lamentos que não chorei.

As orações que não fiz.

Os pedidos que esqueci.

O brilho que perdi.

O sorriso que não dei.

A mão que não apertei.

A criança que eu não quis.

O amante que repeli.

A felicidade que olvidei.

A ajuda que recusei.

A mão amiga que afastei.

Preferi caminhar sozinho.

Longe dos pares humanos.

Que me trouxeram imenso desencanto.

Voltei, voltei para mim, minhas esperanças.

De não sentir remorsos.

De seguir em frente altaneiro.

Levando no peito a bandeira.

De um solitário enrustido.

Que a todos parece bendito.

Pois, é pousada para aflitos.

Silêncio para os culpados.

Amigo para os abandonados.

Fiel, prestativo e amoroso.

Mas, que esconde no fundo do poço.

Poço da sua alma.

Uma figura solitária.

Como uma jóia com uma só pedra engastada:

Deus.

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