quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Lenda




Lenda.


Era uma vez:

Uma mãe d’água solitária.

Num esgoto que já tinha sido um rio.

Cheio de vida.

Onde peixes nadavam tranqüilamente.

As plantas verdes nunca cessavam seus movimentos de danças.

Algumas vezes golfinhos passavam por lá.

E ela aproveitava para brincar com eles e suas irmãs.

Peixe bois dormitava no fundo lodoso.

Com seus filhotes por perto.

A água fluía límpida e clara.

Mas, vieram os tempos ruins.

As mães d’águas sumiram.

Os botos sumiram.

Os peixes bois sumiram

Os pequenos peixes sumiram.

As plantas se tornaram amarelas e sujas.

A água escura.

Só ela insistia em não sair.

A solidão se instalou num reino de silêncio.

E ela já não cantava.

Até que um dia algo pulou dentro d’água.

Um filhote de homem.

Uma companhia.

Ela cantou para ele.

Ele se encantou com ela.

As plantas se enrolaram ao seu corpo.

Mas, o canto da mãe d’água não o permitia sentir nada de mal.

Libertou-se o filhote de homem.

Das plantas e do corpo.

Acompanhou a mãe d’água.

E hoje é seu consorte.

Em águas mais limpas.

E cheias de vida.

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