quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Indiferença.


Entre as paredes nuas dos edifícios.
Do concreto quente das cidades.
Das esquinas sem árvores.
Das velhas casas de pintura descascadas do centro da cidade.
Dos becos que cheiram mal.
Dos poluentes lançados pelos carros.
Em meio aos gritos dos camelos.
E a balburdia dos transeuntes.
Encontrava-se um senhor deitado ao meio fio.
Os olhos fechados como que dorme.
As pessoas passavam sem fitá-lo.
Sem perguntar se algo acontecia.
Ele ali estava desde cedo.
O Sol a pino não o incomodou.
Como também o anoitecer.
Ficou ali como uma esfinge.
Estático, enigmático.
No outro dia a mesma coisa.
A mesma cidade com seus barulhos.
E seu pouco amor.
O senhor continuava na mesma posição.
Alguns camelôs se aproximaram por perto do meio-dia.
“Aí cara, o velho bateu as botas chama os bombeiros!”
Então, surgiu o aglomerado de curiosos.
E de aproveitadores que levaram o que puderam.
Nenhuma oração.
Nem vela.
Nem lágrimas.
Só o calor vindo do piche do asfalto.
E nenhum calor humano para com o irmão que partiu.

Um comentário:

preciosa disse...

Seu texto foi para mim um grito de alerta, nada posso fazer para muda-lo, pois o que escrevestes não passa da pura verdade.....
Sigo seu blog com carinho, aqui estarei sempre de volta, se assim me permitires....
Que seu inicio de noite seja regado de muito amor
Preciosa Maria