quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Como poucos...


Amei a vida.

Como poucos a amaram.

Apesar da pobreza.

Apesar da violência.

Apesar da solidão.

Apesar da falta de carinho.

Apesar da falta de amigos.

Amei a vida.

Como poucos a amaram.

Correndo pelas campinas.

Pelos areais.

Pescando Betas nos canais.

Equilibrando-me na linha do trem.

Caçando gafanhotos.

Guardando besouros em caixa de fósforos.

Observando as formigas bravas em seu trabalho.

Amei a vida.

Como poucos a amaram.

Observado o vai e vem das palhas dos coqueiros.

A dança do capim alto e verde.

Os cortes na pele que eles me davam.

Pegando flores roxas e simples.

Para depois jogá-las fora.

Brincando na areia.

Ou simplesmente deitada vendo as nuvens no céu.

Amei a vida.

Como poucos a amaram.

Como ela era.

Simples.

Verdadeira.

Sem objetivos.

Há não ser viver o hoje.

Ser feliz hoje.

Brincar hoje.

Amei a vida.

Como poucos a amaram.

Enquanto fui criança.

Enquanto meu coração não se importava.

Enquanto não valia o que tinha.

Mas, o que eu era.

Uma criança.

Correndo travessa pelas ruas da vila.

Seguida pelo seu anjo da guarda.

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